No dia 23 de novembro de 2011, Corumbá perdeu uma das principais defensoras da cultura local. Heloisa Helena da Costa Urt, então diretora-presidente da Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, falecia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Corumbá, aos 61 anos, vítima de infarto. Um ano depois, várias homenagens organizadas pela Prefeitura mantiveram forte a memória e o carinho que a população guarda da ativista cultural.
Uma missa, celebrada pelo bispo Dom Segismundo Martinez Alvarez, foi realizada em frente à Casa de Cultura Luiz de Albuquerque (ILA), um dos locais preferidos de Helô. Parentes e amigos participaram da celebração, improvisada em uma das coberturas do antigo transbordo municipal por causa da chuva, que chegou forte já no início da noite. “Não era esse o espaço que nós queríamos, mas foi a improvisação possível”, disse o prefeito Ruier Cunha de Oliveira (PT), após a missa.
“Aliás, improvisação era o que mais aflorava em nossa querida Helô. Como ninguém ela conseguia, com criatividade e trabalho, superar as adversidades. Confesso que chegando aqui, pensei que esse espaço não estava à altura da memória dela. Mas veio a missa, veio a palavra de Deus e veio essa questão da ‘improvisação’. Se ela conseguiu improvisar tantas vezes com sucesso, seria injusto que, na data dela, não conseguíssemos fazer mais esta homenagem a sua pessoa”, explicou.
Em seguida, Ruiter assinou duas mensagens que serão encaminhadas ao Legislativo. Na primeira, de número 31/2012, ele propõem o nome de Travessa Helô Urt para a via localizada na frente do ILA, hoje conhecida como rua Praça da República, em alusão a área situada no outro lado da rua. “Isso atende inúmeras solicitações de artistas, produtores culturais, servidores públicos, ambientalistas, militantes políticos e diversos segmentos sociais”, justificou o prefeito.
Já a mensagem 32/2012 trata do projeto de lei que institui o Dia Mundial da Cultura de Corumbá. A data escolhida não poderia ser outra, que não o 23 de novembro. “Estava nesta manhã na escola Luiz Feitosa participando de um evento esportivo, quando chegou nosso assessor de imprensa dizendo que tinha ouvido no rádio uma ideia formidável. O João Luiz, da rádio Transamérica, sugeriu que esse dia ficasse conhecido como Dia Mundial da Cultura”, descreveu o chefe do Executivo corumbaense.
“Quero falar isso porque são, de fato, as pessoas que deram a sugestão. Depois tive conversas com várias outras pessoas e todas gostaram dessa ideia também. Acho que nada mais justo que em nosso calendário tenha um dia voltado à celebração de nossa cultura. E nada mais justo que esse dia reverenciar a nossa querida Helô”, finalizou Ruier. Ambas propostas precisam ser aprovadas pela Câmara de Vereadores para entrarem em vigor.
As homenagens terminaram com o lançamento da obra “Maria Dadô, o livro”, da artista plástica Marlene Mourão, a Peninha, amiga de décadas de Heloisa Helena da Costa Urt. “A Maria Dadô é um personagem que representa a linguagem do corumbaense. Ela consegue expressar muito bem essas coisas que só ouvimos em Corumbá”, definiu a professora Rosangela Villa, responsável pela apresentação do livro.
A obra reúne centenas de tirinhas, publicadas semanalmente no jornal Diário Corumbaense. Humilde, protagonista vive cercada por crianças e o marido, que sempre sentado, delega todas as decisões e questões familiares para a mulher. “A linguagem é a marca maior de uma pessoa, de uma comunidade, de uma região. Preservar essa característica do jeito de falar do corumbaense é fundamental”, completou a professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Por: Da Redação
