A cidade está enfeitada, os fiéis se organizam em casas de rezas, famílias inteiras se reúnem para preparar o andor – muitos cumprem promessas ou um incentivo do santo para se casar. O Arraial do Banho de São João em Corumbá, que começou no dia 10 de junho com o Jardim Caipira na Praça da Independência, tem sequência esta semana, no Porto-Geral. A festa é uma mistura de crendice e religiosidade, passando pelo profano, única no Brasil.
O ato de banhar o santo no caudaloso Rio Paraguai, que circunda a cidade vindo sinuoso do Mato Grosso, é o ponto alto da cerimônia, onde as ladainhas dão lugar ao batuque, que lembra carnaval, e as pessoas pulam de alegria segurando a vela acesa, descendo o piso de paralelepípedos da Ladeira Cunha e Cruz. A fé e a curiosidade atraem milhares de pessoas à beira do rio. O ritual do “batismo” de São João tem influências portuguesas. Organizado pelas comunidades, com o passar do tempo incorporou o cururu e siriri, ritmo e dança presentes às festas indígenas e africanas.
Em 2010, o Banho de São João tornou-se Patrimônio Imaterial, Histórico e Cultural de Mato Grosso do Sul. Agora, a Prefeitura de Corumbá está em pleno processo, coletando importantes documentos históricos, para propor o título de patrimônio imaterial para um dos ícones do folclore nacional, juntando-se a viola-de-cocho, instrumento que anima o cururu, reconhecida em 2004 como bem cultural pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Será a perpetuação de uma tradição pantaneira.
Em 2010, ao realizar um mapeamento dos festeiros que mantêm viva a maior e mais autêntica festa junina do Brasil Central, a prefeitura cadastrou 80 casas de rezas que organizam o ritual. São, na maioria, famílias pobres, que cultuam o santo geralmente por uma graça alcançada. Segundo historiadores, a tradição do Banho de São João foi introduzida na região por volta de 1882. O ato de levar a imagem do santo em procissão ao Porto-Geral, uma das referências históricas da cidade, é movido pelas crendices, superstições e fortes emoções. Dizem os mais antigos que o banho renova as forças do santo e abençoa tudo o que se relaciona água com o homem.
Extensa programação
A programação tem sequência agora na estrutura montada pela Prefeitura no Porto Geral. No dia 22, a partir das 19 horas, Praça de Alimentação, decoração típica; fogueira virtual, pau de sebo, Tenda Mística, Altar dos Santos, quadrilhas e outras danças típicas, quadrilha do Vai Quem Quer, quadrilha “Anjos Dourados” (adulto e infantil), com Nico e Lau na animação. A noite reserva ainda shows com Amigos do Chamamé, Marinho Azevedo e a dupla Thúlio e Thiago.
No dia 23, a noite será aberta com a Missa Solene em louvor a São João Batista, na Matriz de Nossa Senhora da Candelária, a partir das 19 horas. Também neste horário, abertura do arraial no Porto Geral com todos os atrativos da terça-feira. Nesta noite, acontece a descida dos andores para o banho do santo nas águas do Rio Paraguai. O Andor Oficial da festa desce às 22h30. Haverá ainda o levantamento do Mastro, ao som da viola de cocho, e show pirotécnico à meia noite. Na animação, Nico e Lau. Já nas primeiras horas de sexta-feira, show a Noite dos Chamamezeiros, com Os Garotos, Maciel Correia, Marlon e Maciel. Grupo Renascer e Ramãozinho da Gaita, e Márcio Reis e Fabiano.
No dia 24, abertura da festa às 19 horas no Porto Geral. Além dos atrativos, o destaque fica por conta do segundo Encontro de Cururueiros, e do show regional com Zé do Coco, Marcos e Mizael e Nathaly Lacerda. A festa será encerrada no sábado (25), a partir das 19 horas, com todos os atrativos das noites anteriores, e um show local com Os Garotos, Stação 4 e Os Tradicionais. (PMC)
Por: Da Redação