Corumbá

Comunidade quer rigor em licenças ambientais para mineradoras

Recentemente Vale conseguiu licença ambiental para ampliar sua produção em Corumbá (Foto: Arquivo CDP)

 

Recentemente Vale conseguiu licença ambiental para ampliar sua produção em Corumbá (Foto: Arquivo CDP)
Em dias de chuva Corrego Piraputangas que abastece comunidade, apresenta a presença de vestígios de minério (Foto: CDP)

Uma audiência pública marcada para o próximo dia 10 de Abril está mobilizando a comunidade da região de Maria Coelho, distante 42 km de Corumbá, na BR 262. A preocupação com relação ao projeto de expansão da mineradora Vetorial/Vetria- que quer ampliar a capacidade de extração mineral de 500 mil para 28 milhões de toneladas ao ano- é com relação a água. Segundo moradores da região, que atualmente convivem com poeira, falta de escola e água barrenta em dias de chuva devido a lavagem do minério , a situação é desesperadora porque, é das suas terras que vem o sustento de suas famílias.

O debate é antigo e a própria Vale, quando apresentou o seu projeto de expansão também afirmou que utilizaria água captada do rio Paraguai, entretanto já se passaram seis anos da ultima audiência, e mesmo após a liberação do licenciamento prévio concedido pelo IBAMA a lavagem ainda é feita com água oriunda dos poços já perfurados na morraria, hoje prática proibida devido a proximidade do nível do sub – solo com o aqüífero guarani, maior reserva de água potável do planeta. A Vale já foi multada pela justiça por ter provocada uma explosão destruindo a nascente do manancial do Urucum, hoje com uma ação na justiça, impetrada pelos moradores que aguardam indenização pelo dano irreversível e incalculável.

Outro córrego extinto naquela localidade é o da “Igrejinha” cujos moradores captam água de chuva ou de caminhões pipas para sua sobrevivência. O medo não é infundado dado aos desastres ocorridos e ao projeto audacioso já apresentando pela Vetria aos moradores, cujo mesmo ainda não levou o EIA ao conhecimento prévio, apenas o RIMA. Nele a contrapartida social da empresa fala em melhorias na linha férrea, entretanto, o investimento vai beneficiar apenas as mineradoras, pois elas escoam seus produtos pela ferrovia, pois o trem do Pantanal (de passageiros) “nunca mais apitou” nos cruzamentos da antiga estação da Esplanada da NOB. Não há benefícios diretos à população, ou pelo menos o argumento apresentado não convence ninguém da prática prevista no processo mitigatório envolvendo empresa e comunidade.

Entre tanta polêmica a respeito da exploração mineral e suas conseqüências ambientais são de bom tom autoridades e ambientalistas estarem atentos a mais esta proposta, porque poucos empregos são oferecidos a mão de obra local, cerca de 90% trata-se de funcionários importados, daqui só aproveitam mesmo serventes e alguns poucos técnicos em mineração formados pelo SESI. Foi observado, através da própria Vale, em fotos na mídia, que o reflorestamento em área degrada não é nem de longe a realidade da vegetação nativa do Pantanal, não existem árvores de médio ou grande porte, apenas arbustos e vegetação rasteira.

O que chama a atenção porque em 38 anos de atividade extrativistas o solo não fecunda, pois não há nutriente suficiente para a reposição da mata nativa, sem contar que de onde se retira o minério nada mais pode ser feito. Num futuro bem próximo não veremos a morraria que tanta riqueza abriga em seu interior, e seus impactos começarão a ser sentidos a partir daí. Não há estudos dos últimos dez anos para avaliar com precisão a causa da diminuição da água nas vazantes, mas a redução no volume é visível e progressiva. Este artigo não tem como objetivo conter os avanços ou progresso da nossa região, apenas aplicar o principio da precaução e prevenção para evitar danos ambientais irreversíveis e um novo êxodo rural, como o já ocorrido em anos anteriores. (Capital do Pantanal)

 

Por: Da Redação