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Conservação: começa hoje o curso para policiais ambientais no Pantanal

Angelo Rabelo fala aos alunos do curso

Trinta e cinco oficiais da Polícia Militar Ambiental de 25 estados iniciam hoje a décima edição do Curso Estratégias para a Conservação da Natureza, no Pantanal de Corumbá. Com 25 palestrantes, a qualificação técnico-ambiental é uma realização da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul, com organização do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

Os alunos terão aulas teóricas e de campo e navegarão cerca de 500 km pelo Rio Paraguai a bordo do barco-hotel Kalypso, que sairá do porto geral de Corumbá por volta de meio-dia desta sexta-feira. A solenidade de abertura contará com palestra da chefe da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakami Resende, que falará dos desafios para a conservação do bioma pantaneiro.

Hoje pela manhã, os policiais estarão realizando uma visita técnica às instalações da mineradora MMX, no Morro Urucum, e também a indústria de cimento da Votorantim e a Sanesul. O objetivo é conhecer os sistemas de controle ambiental da produção de cimento e minério e da captação e tratamento de água do Rio Paraguai, do qual a cidade de Corumbá depende 100%.

Momento de reflexão

Ontem à noite, com os alunos já alojados no barco, o ex-comandante da Polícia Ambiental de MS, coronel Ângelo Rabelo, recepcionou os participantes com um relato histórico sobre o curso e a atuação das PMAs na questão ambiental. Ele disse que o combate aos caçadores de peles de jacarés no Pantanal, nos anos 1980, foi o grande divisor da ação policial na defesa dos recursos naturais do país.

“Vencemos aquela guerrilha, depois do último combate armado em 1991, mas a vitória nos fez repensar sobre o verdadeiro papel da Polícia Ambiental”, disse Rabelo, que foi o primeiro comandante da então Polícia Florestal, sediada em Corumbá. “Um momento de muitas perguntas sobre efetivo, operacional e capacidade de fogo. Que direção tomar?”, completou.

Segundo o coronel, que hoje gerencia o setor de licenciamento ambiental do grupo EBX, no Rio de Janeiro, grandes apreensões de produtos originários de crimes ambientais e multas milionárias, que ainda hoje são comemorados por alguns setores, como o Ibama, apenas mostram  a incompetência dos órgãos de fiscalização. “Estamos sempre chegando atrasados”, disse.

Papel estratégico

O Curso Estratégias para a Conservação da Natureza, lembrou Rabelo, nasceu após a Eco-92, no Rio, quando comandantes das unidades já existentes da Polícia Ambiental no país expuseram suas deficiências e limitações diante das ameaças ambientais hoje expostas, como a questão da água, mudanças climáticas, desmatamento, poluição e carga energética.

“Era preciso agregar outros componentes para maior eficiência no controle ambiental, e começamos a rediscutir o nosso papel, um novo modelo onde o essencial não teria mais apenas contabilizar apreensões e multas”, comentou o coronel. Ele disse que o curso começa a mudar a ação da Polícia Ambiental, com a qualificação dos policiais na área da educação ambiental.

“Essa capacitação tem que ser permanente, dentro do papel estratégico que temos de preservar os ecossistemas com medidas educativas e preventivas, entendendo inicialmente o bioma que defendemos e a relação com as comunidades”, observou Rabelo. O curso, disse, vislumbra também as possibilidades de cooperação com o terceiro setor para superar a falta do investimento governamental.

 

Por: Da Redação

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