Desde a última semana, o projeto da Ferrovia TransAmericana, também conhecida como Corredor Ferroviário Bioceânico, tem avançado nas negociações. Na terça-feira, 20 de março, o diretor executivo da ferrovia, Daniel Rossi, reuniu-se com o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes, e os secretários de Governo, Cássio Augusto da Costa Marques, e de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Renato Lima, para alinhar os avanços no projeto. “A primeira fase, que vai do Porto de Santos até Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, encontra-se na etapa de captação de investimentos”, apontou o executivo.
“Estamos alinhando as oportunidades de desenvolvimento, de curto e longo prazos, de novas indústrias e serviços logísticos para Corumbá e região. Elencamos a estrutura necessária nos trâmites aduaneiros que precisamos desenvolver junto com a Receita Federal, Itamaraty e os governos municipal, estadual e federal, para garantir segurança, expansão e agilidade nos fluxos de importação e exportação”, resumiu Rossi. Na mesma direção, Cássio Augusto explicou que há interesse do Município em ceder uma área para a operação: “Estamos analisando o pedido da empresa, de uma área no perímetro urbano para embarque e desembarque de mercadorias, a fim de agilizar as operações internacionais na fronteira”.
O Oceano Pacífico é a rota mais rápida para o comércio internacional de cargas partindo da América do Sul, já que apenas 18.651 km separam o porto de Ilo, no Peru, da Ásia. Por outro lado, partindo do porto de Santos pelo sul da Argentina, são percorridos 22.616 km e, via América Central, 25.918 km. Para Renato Lima, a operação vai fortalecer o papel que Corumbá exerce na logística de comércio internacional via Bolívia, conectando os oceanos Pacífico e Atlântico. “Estamos no centro da América do Sul e temos este potencial a ser explorado, com ganhos reais para o Município e para a competitividade do Brasil”, destacou.
Na sexta-feira (23), a ferrovia foi um dos principais tópicos do seminário “Brasil Central: Transpondo Barreiras e Ampliando Fronteiras”, realizado em Brasília. O projeto foi apresentado pelo secretário-geral das Relações Exteriores do Itamaraty, Marcos Bezerra Abbott Galvão aos governadores do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja; do Mato Grosso, Pedro Taques; de Goiás, Marconi Perillo; do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg; de Rondônia, Confúcio Moura; e ao vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão: “O governo federal está tomando medidas para garantir a competitividade do país no comércio exterior e condições para melhorar o escoamento da produção, a exemplo o Corredor Ferroviário Bioceânico que ligará o Porto de Santos aos do norte do Chile, passando pelo território peruano”.
O projeto deverá avançar mais uma etapa nesta quarta-feira (28), com a assinatura do protocolo de cooperação técnica entre Brasil e Alemanha, para operar a ferrovia TransAmericana, que conecta o oceano Pacífico ao Atlântico, desde Ilo, no Peru, até o Porto de Santos. No Mato Grosso do Sul, a ferrovia vai passar pelos municípios de Corumbá, Campo Grande, Ponta Porã e Três Lagoas.
O projeto é defendido por empresas do setor de transporte ferroviário, com interesse em operar e conectar a Malha Oeste à Ferroviária Oriental na Bolívia e sua possível conexão com a Ferroviária Andina, ligada aos portos do Oceano Pacífico. No Brasil, são dois contratos que mantêm a Malha Oeste ativa, sendo um operado em Corumbá, com o transporte de minério de ferro da Vale até Porto Esperança.
Na avaliação do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Estado, Jaime Verruck, “a inclusão da Ferrovia TransAmericana na pauta estratégica e de prioridade do governo federal beneficia Mato Grosso do Sul de forma direta. Estamos vendo a origem de um corredor ferroviário de integração regional, uma nova rota de integração no continente”.
A assinatura será entre os Ministérios de Transportes brasileiro e alemão para que sejam especificados os dormentes e as locomotivas necessários para operar na malha ferroviária existente. Após esta etapa será possível definir o valor a ser captado com investidores para viabilizar a ferrovia.
O Governo do Estado tenta incluir a recuperação da malha no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para assegurar que parte dos R$ 6 bilhões que o banco alemão Deutsche Bank tem para financiar obras no Brasil possa ser destinada a este projeto. O valor inicial previsto pelo grupo de investidores internacionais (entre grupos chineses e alemães) para recuperar a malha ferroviária é de R$ 1,8 bilhões.
O secretário de Governo do Estado, Eduardo Riedel, que atua como conselheiro de administração do Consórcio Brasil Central, observou que, até 2028, a região deverá ser reconhecida com o maior índice de desenvolvimento sustentável da América do Sul. “Queremos ampliar a integração com o mercado internacional. Reconhecemos as vocações produtivas da região e estamos trabalhando em diversas frentes para garantir a sustentabilidade desse modelo”, ressaltou.
Consórcio Brasil Central
Formado pelo Distrito Federal e pelos estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Rondônia, o Consórcio Brasil Central é pioneiro na integração interestadual no Brasil, atuando desde 1962. Suas áreas de atuação estratégica são desenvolvimento econômico, infraestrutura e logística, articulação institucional, ambiente de negócios e gestão pública.
O consórcio atua, no momento, na execução de um projeto de planejamento que compreende o período entre 2016 e 2028. Sua missão é promover o desenvolvimento integrado do Brasil Central, formulando políticas regionais e a viabilização de projetos, parcerias, recursos e competências orientados à melhoria da competitividade da região. (Com informações da Semagro e do Consórcio Brasil Central)