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A identidade sul-americana é celebrada no quebra-torto com letras do Fasp

A Camerata do Moinho Cultural, sob a regência de Emanuel Teixeira, recepcionou os escritores no Quebra Torto com Letras do 13º Festival América do Sul Pantanal, na manhã de hoje (12). Com o ambiente aconchegante, que o clima ameno proporcionou,os participantes do evento puderam mergulhar na identidade sul-americana essencialmente influenciada pela cultura dos povos originários indígenas.

A resistência cultural deu o tom das experiências literárias narradas pelo jornalista Rodrigo Teixeira que apresentou o livro “Prata da Casa: um Marco da Música Sul-Mato–Grossensse, pela da jornalista e compositora argentina Charo Bogarín que discorreu sobre a obra “Cancionero Tonolec – La Celebración” (2005-2015), que realizou em parceria com o produtor musical Diego Pérez, e pelo poeta brasileiro Douglas Diegues que falou sobre os sonetos escritos em portunhol selvagem.

Segundo Bogarín, seu trabalho serve como um manifesto da sua cultura que conscientiza que todos representam as diversas raças, etnias e costumes. “É importante deixar plasmado nossos papéis enquanto artistas e contribuir para a construção de um novo homem latino americano uma vez que as fronteiras não nos separam. Compartilhamos com o Brasil, Paraguai e os outros países o que estamos refletindo sobre isso. É preciso que as crianças escutem as línguas originárias, as canções porque elas estão muito acostumadas a cantar em espanhol e inglês, línguas muito distantes do que somos. Nós artistas temos que mudar essa situação, defendeu. Estamos renascendo como latinos americanos”, defendeu.

Para o Rodrigo Teixeira, o projeto “Prata da Casa” estava à frente do seu tempo uma vez que, por meio dele, originaram os primeiros vídeos clips com os artistas revelados em 1970, como Almir Sater, Tetê Espíndola, Geraldo Espíndola, Guilherme Rondon, entre outros. A iniciativa, pensada pelo cineasta Cândido Alberto da Fonseca, o músico Moacir Lacerda e a professora Maria da Glória de Sá Rosa produziu os primeiros shows coletivos em 1979 com diversas gerações dos artistas do Estado. “Por meio destes shows é que foi possível gravar o 1º LP ao vivo dos artistas daqui e naquela época era muito difícil gravar discos. Além disso, as músicas gravadas traziam a fusão da língua portuguesa e do guarani. Este projeto foi fundamental para as próximas gerações de músicos ”, explicou.

O poeta Douglas Diegues falou sobre a necessidade de encontrar a própria voz na literatura buscando as referências sul-americanas, especialmente aquelas advindas dos povos indígenas. “Manoel de Barros me disse que eu havia encontrado minha própria linguagem com meu portunhol selvagem. Aí eu descobri que não existem línguas superiores e inferiores. Todas têm seu poder vital. E as mesclas já estão presentes nas pessoas simples do Pantanal, de Campo Grande e do Brasil. Temos expressões estéticas da mais alta voltagem nas línguas indígenas. Na Europa os indígenas são considerados como artistas da vanguarda primitiva”, finalizou.

Diegues apresentou ainda seus livros cartoneiros, produzidos com capa de papelão reciclado, admirados e reconhecidos no exterior. “Hoje a gente não precisa de editoras para editar livros. Podemos aproveitar papelões e personalizar a nossa obra”, finalizou. (Texto: Gisele Colombo – FCMS/Fotos: Daniel Reino)

 

Por: Da Redação

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