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“Memória” antecipa carnaval em Corumbá com resgate de antigas folias de momo

Espetáculo foi roteirizado a partir das lembranças do mestre-sala Hélinho, de 72 anos de idade (Foto: Marcos Boaventura)

O carnaval se instalou, em Corumbá, com alguns meses de antecedência na praça Generoso Ponce, na noite deste sábado, 23 de novembro. É que a realização do espetáculo “Memórias”, da Oficina de Dança, projeto desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Corumbá, através da Fundação de Cultura, elegeu a folia de momo como tema. A maior festa popular de nossa região não foi escolhida aleatoriamente, mas sim por fazer deste espetáculo o maior já realizado durante os 14 anos de existência da Oficina de Dança.

Pela primeira vez, todos os alunos integraram o elenco de um mesmo espetáculo. Cerca de 500 pessoas em cena levaram a energia contagiante da folia de momo corumbaense para o palco. Tradicionalmente, a Oficina de Dança apresentava, ao final de cada ano letivo, dois momentos marcantes: o espetáculo infantil e o espetáculo adulto.

“É muito bom porque já está no nosso sangue. Uma festa maravilhosa não tem como não se emocionar e dançar com a mesma energia que manifestamos no carnaval. É o maior espetáculo por ter todo o elenco desde crianças de 3 anos até senhoras com mais de 60 anos de idade”, comentou Joílson Cruz, diretor da Oficina de Dança.

Com a direção artística da diretora-presidente da Fundação de Cultura de Corumbá, Márcia Rolon, o roteiro da apresentação foi dividido em 5 atos: Sonho, Na minha infância, No Barracão, Ressaca e Memória. Todo esse enredo foi conduzido pelos relatos de uma figura emblemática do carnaval corumbaense: o mestre-sala Hélio de Moraes Barros, o “Hélinho”.

“Desfilei, pela primeira vez como mestre-sala, quando tinha 65 anos. Para mim, a idade não prende ninguém, depende de cada um querer e ser feliz, fazer o que gosta”, disse momentos antes de começar a apresentação. Atualmente, com 72 anos de idade, Hélinho afirmou sentir uma emoção diferente ao trocar a passarela do samba pelo palco. “Estou bastante feliz porque aqui vou defender mais do que a bandeira de uma escola; vou representar todo um povo”, confidenciou.

No cortejo malemolente do experiente mestre-sala à porta -bandeira e no toque marcado do surdo é que as portas da folia se abriram para o grande desfile de personagens que povoam a cada fevereiro as ruas e os grandes bailes em clubes: pierrôs, colombinas, negas-malucas, baianas, palhaços, marinheiros, dançarinos de frevo, pastorinhas, enfim, todos reunidos celebrando a alegria.

“O carnaval tem uma essência, uma vivência muito maior do que, às vezes, a pessoas colocam: bebedeira e mulheres peladas. Carnaval é vida. Para Corumbá, carnaval é cultura, é geração de renda. Aqui há pessoas que vivem e morrem pelo carnaval, percebemos o grande número de famílias que vivem o ano inteiro devido a essa festa”, observou Márcia Rolon.

Dança para todos

Mostrando que, em Corumbá, o samba se aprende ainda pequeno, o grupo de bailarinas mais jovens tinha representantes com 3 anos de idade. Na outra ponta, o grupo de mães com integrantes com até mais de 60 anos. E, como o carnaval é uma festa de todos, a inclusão apareceu com os adolescentes da APAE que arrancaram aplausos acalorados da plateia.

“O projeto da Oficina de Dança é exemplo porque não tem restrição. É um lugar de todos, de muita democracia e muito respeito pelo diferente. Isso é raro num mesmo espaço, porém os profissionais que estão à frente do projeto fazem isso com muita competência”, observou Márcia.

A cada coreografia, estilos diferentes – o que sempre foi marca da Oficina de Dança -, porém a “pegada” tinha como base o samba. Assim, “desfilaram” pelo palco: o balé clássico, o street dance, o balé contemporâneo, entre outros. Tudo de forma swingada e contagiante num figurino super colorido como prega a boa fantasia do carnaval.

O prefeito Paulo Duarte assistiu ao espetáculo e resumiu o que a realização de ‘Memórias” significa dentro do contexto cultural do município. “Uma das características dessas festas populares que temos está na história, na arte e na cultura por trás dessas manifestações. O carnaval é o que é pela participação efetiva da população. Contar a história dessa grande festa através das crianças e adolescentes da Oficina de Dança é fortalecer a marca da nossa cidade”, avaliou.

Dose dupla

Após a apresentação de “Memórias”, o público ainda pôde assistir a outro espetáculo de dança. Desta vez, a Cia Dançurbana, de Campo Grande, mostrou uma compilação do trabalho desenvolvido há 11 anos pela companhia. Contemplado pelo FIC-MS, “Soma 11” foi o primeiro espetáculo trazido a Corumbá com o apoio do Sesc-MS numa parceira com a Prefeitura Municipal. Durante 2014, a apresentação integrará o Circuito Palco Giratório do Sesc, levando o nome da Mato Grosso do Sul para vários estados brasileiros.

“Com o foco de promover a qualidade de vida através da cultura, proporcionamos uma apresentação de encerramento que visa, na verdade, mostrar para as crianças que estão numa Oficina, a busca pelo desenvolvimento da habilidade dadança, mostrar até onde elas podem chegar”, explicou Tainá Cambará, gerente da unidade do Sesc em Corumbá, ao ressaltar o caráter profissional do grupo da Capital.

“Como a Prefeitura já desenvolve uma atividade voltada para a dança e artes cênicas, o SESC visa ampliar esse âmbito, fazendo master classes com profissionais gabaritados para profissionalizar melhor seus professores a fim de que possam adquirir mais repertório. A gente também trabalha com a formação de público e plateia, trazendo espetáculos que renovem o repertório visual da cidade e possam agregar valor não somente com algo novo, mas promovendo a troca de experiências ente o nacional e o local”, disse ao afirmar que, para o próximo ano, muitas atividades culturais contemplarão Corumbá através da parceria entre Prefeitura e Sesc.

Reapresentação

“Memória” volta a ser apresentado na praça Generoso Ponce neste domingo, 24 de novembro, a partir das 19 horas, com acesso gratuito ao público, encerrando assim a programação cultura do Pantanal Extremo, evento de jogos da aventura, que está reunindo cerca de 500 atletas em disputas de seis modalidades: voo livre, canoagem, corrida de orientação, mountain bike, stand up paddle e maratona aquática.

 

Por: Da Redação

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