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Reunião do Conselho Político da Coalizão corrobora com críticas de Lula a juros altos

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ouviu de lideranças partidárias reunidas pela primeira vez no Conselho Político da Coalizão, realizada nesta quarta-feira (8) no Palácio do Planalto, coro às críticas que tem feito à política de juros do Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto.

De acordo com relatos de participantes do encontro, pelo menos uma dezena de falas teve como mote o atual patamar da taxa Selic – o rechaço foi unânime. As críticas não foram exclusivas das legendas que fizeram parte da coligação que elegeu Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em outubro.

Também integrantes de partidos de centro foram críticos à política de manutenção dos juros altos, mesmo com a inflação em níveis mais baixos do que no auge da escalada de preços.

“Você ganhou a eleição, e quem manda no Banco Central é a Avenida Faria Lima?”, disse na reunião o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, uma das vozes mais contundentes, mas não a única, contra o atual patamar da taxa de juros.

Mesmo integrantes de siglas do centro, como PSD, fizeram falas críticas à política monetária do BC. Após a reunião, em entrevista, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), concordou com a postura crítica de Lula e dos participantes da reunião e defendeu a ida de Campos Neto ao Congresso, como tem sido cogitado por aliados do governo.

“Queremos debater com a sociedade sobre a maior taxa de juros do planeta. Temos 13,75% com inflação de 5% a 6%. A Turquia tem inflação acima de 50% e taxa de juros de 9% ao ano. Há algo de muito errado”, afirmou Randolfe.

Em entrevista coletiva em Brasília, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que não há da parte do governo nenhum estímulo à convocação de Campos Neto ao Congresso nem a mudanças na lei que garante autonomia ao BC.

“Não existe qualquer discussão dentro do governo sobre mudança na lei do Banco Central. Existe uma vontade de que aquilo que está nos objetivos do BC seja cada vez mais perseguido por todos”, afirmou, referindo-se ao nível de emprego na economia, a estabilidade e a eficiência do sistema financeiro, entre outros.

*CNN Brasil