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Maiores desmatamentos de MT estão em nome de fazendeiro do Paraná

Seis dos 10 maiores desmatamentos ilegais registrados em Mato Grosso foram feitos por correntes gigantes puxadas por tratores em áreas que estão em nome do fazendeiro paranaense Vademilso Badalotti. Os chamados correntões arrancam com facilidade árvores de mais de 30 metros de altura e destroem, em um único dia, o equivalente a 10 campos de futebol de vegetação. Badalotti é apontado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão federal responsável por fiscalização, como o maior desmatador da atualidade.

A reportagem percorreu mais de 650 quilômetros até o interior do município agrícola de Nova Ubiratã, onde o empresário possui cerca de 30 mil hectares de terra, e encontrou um cenário de destruição. Na região estão alguns dos maiores desmatamentos de Mato Grosso. O município é um dos maiores produtores de grãos e luta para deixar a “lista suja” do Ministério do Meio Ambiente dos municípios que mais desmatam a Amazônia no Brasil.

Da capital Cuiabá, a reportagem seguiu primeiro para Sinop, a 500 km de Cuiabá, para acompanhar os ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e da Justiça, José Eduardo Cardozo. Eles anunciaram medidas em um plano de desmatamento ilegal zero em parceria com o governo do estado. Durante a viagem, os ministros também foram até uma área onde houve desmatamento com correntão. A ministra ficou indignada ao ver a situação.

A ministra exigiu do governador Silval Barbosa (PMDB) o cumprimento de um acordo pelo “desmatamento ilegal zero”. E forças federais de segurança, como o Exército, também chegaram ao estado para trabalhar no combate ao desmate em Mato Grosso.

As medidas levam em consideração uma alta substancial na degradação ambiental registradas em Mato Grosso. Entre março e abril, o estado foi responsável pelo desmatamento de 480,3 km² dos 593,0 km² detectados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente em abril, foram detectados 405,5 km² de polígonos de devastação em território mato-grossense.

Áreas desmatadas

De Sinop, a reportagem foi para Nova Ubiratã atrás das áreas em nome do empresário. Para chegar aos locais apontados pelo Ibama foi usado um GPS (Global Positioning System) e mapas com coordenadas geográficas para auxiliar na localização em meio às estradas vicinais.

Após quase três horas de viagem pelas estradas de terra, na zona rural, a 70 km da cidade de Nova Ubiratã, foi possível localizar duas áreas desmatadas pelos correntões.

Uma das áreas de Nova Ubiratã onde é possível ver o resultado da investida dos correntões contra a natureza (Foto: Ericksen Vital)

As imagens impressionam. Logo na primeira área é possível notar parte de uma mata de transição entre o Cerrado e a Amazônia quase totalmente devastada. Na área, as árvores foram arrancadas com raiz e tudo. Outras estão muito machucadas e com as marcas dos correntões. Eles destroem até mesmo árvores maiores, com mais de uma tonelada, naturais da região amazônica.

O cenário é de caos. Um monte de árvores amontoadas uma em cima da outra. Vários buracos feitos por esteiras de tratores e pouco sinal aparente de vida animal característica deste tipo de região. Mais à frente, devastação semelhante. Árvores de mais de 40 metros mortas no chão. As duas áreas estão embargadas.

Vizinhos confirmam desmato

A equipe passou por algumas fazendas próximas às áreas do fazendeiro Badalotti e os vizinhos só se manifestaram sob anonimato. Muitos contam que viram as árvores caindo uma após a outra. Elas foram vítimas dos tratores e dos correntões. “Uma cena incrível de ver”, disse um deles.

Mas quanto a Badalotti, os vizinhos não o conhecem muito bem. Sabem apenas que tem áreas na região. Na sede da fazenda Paraíso, há apenas um caseiro. Ele disse que o patrão vive no Paraná e que tem buscado resolver as “pendências” na Secretaria Estadual de Meio Ambiente, em Cuiabá. As pendências são licenças ambientais da Sema.

De acordo com informações do Ibama, nas seis propriedades em nome de Badalotti foram registrados cerca de 6 mil hectares de desmatamento. Relatórios apontam os crimes: “desmatar em áreas de reserva legal; desmatar a corte raso, sem autorização do órgão ambiental; danificar vegetação nativa; e impedir regeneração natural”. Ele é dono de 30 mil hectares de terra só no município, de acordo com estimativa da prefeitura.

Outro lado

Por telefone, em entrevista na semana passada à TV Centro América, afiliada da Rede Globo em Cuiabá, Badalotti confirma que não possui autorização para desmatar. Nesta sexta-feira (27), o advogado dele, Jarbas Lindomar Rosa, disse que seu cliente não vai mais falar sobre o assunto e comentou que tem buscado resolver os problemas junto à Sema.

Lindomar Rosa disse que está organizando documentos para apresentar defesa do seu cliente para os órgãos fiscalizadores. Ele afirmou que, apesar do proprietário não ter licença da Sema, o desmatamento teria sido feito em uma área consolidada e que são usadas para a produção agrícola. (Informações do G1-MT)

 

Por: Da Redação

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