Num final de semana chuvoso e frio como este, precisamente um ano atrás, o querido e saudoso Augusto Alexandrino dos Santos (“Malah”) se eternizava como por encanto, no meio da madrugada, em silêncio e solitário, levando consigo todo o seu discreto observatório — eis que não revelava, nem para os maiores amigos, as razões de seu contido riso, misto de irreverência talentosa e ironia incisiva, sobre o cotidiano cada vez mais provinciano e medíocre a que ficou reduzido o outrora dinâmico e contagiante centro cosmopolita de todas as artes e culturas…
Longe de sua terra, de seus amigos mais próximos, de sua fonte inspiradora (o inesgotável e paradisíaco Pantanal de todas as cores) — como que a Vida quisesse lhe impor um exílio inquisitorial, logo a ele, um ser de alma grande e generosa, que durante sua apoteótica atuação empresarial socorrera todo tipo de gente, inclusive muitos dos que acintosamente lhe deram as costas. Mas, como em coração de artista — benevolente e magnânimo como é — não há lugar para rancores nem lamentações extemporâneas, nestes 365 primeiros dias do encantamento de nosso menestrel da prancheta, o nosso eternamente paladino da charge, são as gratas lembranças as que contam, as que mantêm vivos os iluminados e igualmente eternos traços irreverentes e instigantes do mais corumbaense de todos os cartunistas dos séculos 20 e 21.
E ousamos dizer “mais corumbaense de todos os cartunistas” (do sexo masculino, porque nossa querida Marlene Peninha Mourão é a mais corumbaense de todas as cartunistas da mesma geração, ainda que por acaso coxinense de nascimento), sobretudo por seu silêncio pantaneiro (“meio” taciturno), quase personagem do querido Amigo do Taques, o Poeta Manoel de Barros — pena, aliás, que um (o Poeta) não tivesse conhecido o outro (o Cartunista)…
Na falta de uma estrutura maior e de um clima sinceramente mais fecundo e digno para homenagear o eterno Malah, deixamos aqui algumas homenagens feitas a ele, um ano atrás, pelos Amigos Adolfo Rondon, Edson Moraes, Juvenal Ávila, Farid Yunes, Douglas Assad e Lívia Gaertner, algumas replicadas no blog de sua homenagem e outras em seus próprios meios:
Por: Ahmad Schabib Hany