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Dia de Solidariedade ao Povo Palestino

“Dizemo-lhes:
Cantem pela terra que permanece!
Rebelem-se!
Ensinem nossa história sombria aos filhos
A fim de que nosso sangue
Permaneça na bandeira dos criminosos
Como sinal de catástrofe.”
Mahmoud Darwish (renomado poeta palestino, falecido no exílio em 2008)

Hoje, 29 de novembro, é observado em todo o mundo o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Foi instituído pela Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1977. A data foi escolhida para relembrar o dia da partilha do território da Palestina milenar, ocorrida em 1947 por decisão da própria ONU, sem ter sido consultado o maior interessado – o Povo Palestino, que desde então vive a peregrinar por todos os cantos mundo, sem direito a voltar, sequer para visitar seus familiares e rever seu berço querido, sob pena de ser aprisionado pelos invasores de suas casas, suas plantações e de seu torrão natal.

Como se vê, não é dia festivo. É dia de reflexão e de celebração pelas vidas ceifadas, trabalho espoliado. Aos milhares? Não, aos milhões, pois nestas mais de seis décadas, milhões de palestinos se espalharam pelo mundo. Eles não têm direito a ter direitos. São tratados pior que os judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, e a imprensa mundial finge que nada vê.

E para que a humanidade não se esqueça de que os Palestinos existem faz milhares de anos, e que 65 anos atrás perderam o direito inalienável à sua Pátria milenar, é que reuniões como a de hoje são feitas em todo o mundo. Porque, desde antes de o Ocidente vencer a Guerra Fria, as potências se acham as donas do mundo. Quiseram reparar os danos do nazismo contra os judeus na Europa à custa da tragédia palestina, invadindo, saqueando, difamando, prendendo, torturando e matando com requintes de crueldade os palestinos e demais árabes, como vemos todos os dias pelo noticiário, que insiste em chamar os palestinos, iraquianos, líbios, sírios, libaneses, egípcios, argelinos, iemenitas, tunisianos e tantos outros árabes de “terroristas”, como se patriotismo e coragem de lutar pelo que é seu direito fosse uma heresia, um crime, uma aberração.

Poucos sabem (porque isto não se ensina na maioria das escolas), mas o Renascimento do Ocidente só foi possível graças à verdadeira tolerância e generosidade árabe (“mouros”, na história ocidental), pois, enquanto os senhores feudais e seus aliados queimavam livros e pessoas sob acusação de heresia, os sábios da Arábia conservaram todas as bibliotecas da Antiguidade clássica grega e a traduziram ao árabe.

Aliás, os árabes, que haviam conquistado por mais de oitocentos anos a Península Ibérica, e nem por isso proibiram a fala dos idiomas nativos – no caso o castelhano e o galego, entre outros – ou o culto cristão, tanto que os reinos castelhano e lusitano foram as duas potências ocidentais depois do Renascimento. Já os descendentes lusos, castelhanos, além dos ingleses, franceses e holandeses, quando senhores de outros povos, submeterem com intolerância e humilhação os seus colonizados, a ponto de promover o comércio de pessoas escravas da África e o saque às suas riquezas.

Portanto, a manifestação de solidariedade que os cidadãos libertários do mundo promovem de modo sincero ao Povo Palestino é um ato político em favor da emancipação da humanidade. Não é possível um mundo melhor, se o berço da humanidade estiver convulsionado. E está desde o final da Primeira Guerra Mundial, quando os governos da Inglaterra e da França fizeram um acordo para entregar o território da Palestina aos sionistas do mundo inteiro – da Polônia, Alemanha, Estados Unidos, Rússia, Inglaterra etc.

Mas enquanto existir um árabe no mundo – e enquanto existirem brasileiros, bolivianos, cubanos e demais latino-americanos solidários e altivos, que não se curvem diante da opressão e humilhação –, será possível continuar a lutar por um mundo melhor para os nossos filhos e demais descendentes.

Corumbá e Ladário, aliás, vêm fazendo com pioneirismo desde a década de 1970, quando foram realizadas as primeiras manifestações de solidariedade ao Povo Palestino. Isso fez surgir, na década de 1980, o Comitê de Solidariedade 29 de Novembro (o mais antigo do Centro-Oeste) e a primeira lei municipal em Mato Grosso do Sul, por iniciativa do então vereador do PT Valmir Corrêa, instituindo o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino, sancionada pelo saudoso Prefeito Fadah Gattass.

Antes de rotular o Povo Palestino, como a todo o Povo Árabe, de terrorista e intolerante, é preciso ler a verdadeira História da Humanidade e conhecer a contribuição daqueles que não se curvaram e não se curvarão diante da prepotência e da ganância dos senhores da guerra, que levam a morte e a injustiça aos demais povos, e ainda lhes imputam o ódio injustificável, promovendo a pior de todas as mortes – a perda de sua história milenar, sua cultura universal, sua vida cosmopolita.

Como o grande poeta alemão Berthold Brecht disse: “Do rio que tudo arrasta, dizem que é violento. Mas ninguém chama violentas as margens que o comprimem.”

A Paz Mundial começa na Palestina!

 

Por: Ahmad Schabib Hany
Comitê 29 de Novembro de Solidariedade ao Povo Palestino

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