Quando falamos biblioteca ou do papel do bibliotecário logo nos surgem várias perguntas: porque se guardam livros? Quem guarda livros? Com que intenção, com que sonho, com que visão para o futuro? Para que e para quem?
Bastos Tigre foi o primeiro bibliotecário reconhecido no Brasil que exerceu a profissão por 40 anos e com espírito inovador vislumbrou novos conceitos, tornado a biblioteca não apenas uma depositária de livros, mas sim como um centro dinâmico por excelência. A biblioteca não é mais uma caixa esquecida e sim um pólo de conhecimento e informação para comunidade onde ela esta inserida. Cabe ao profissional bibliotecário caminhar frente da sociedade, auxiliando-a no seu processo de busca de identidade, visando proporcionar-lhe uma aproximação cada vez maior com a justiça, a democracia e a igualdade para todos. Contribuir para o acesso a todos, indicar o conhecimento, lutar por programas de democratização do saber, na transformação do homem e de seu mundo através de seu instrumento de trabalho: A Informação. Sua principal função é envolver-se, tomar posicionamento, assumir uma postura política-filosófica e atuar. É passar de um mero técnico da informação para uma AGENTE CULTURAL.
Mas continua a pergunta: por que guardamos livros, fotos, jornais, documentos? No fundo queremos guardar o tempo que o homem mostrou sua existência quando inventou a escrita e seus outros suportes de memória. Ou seja, ao escrever seu primeiro texto o homem desligou-se do presente e se lançou na aventura do futuro. Ao registrarmos qualquer coisa em papel ou outro suporte, nos deixamos que este não se perca, mas nos tornamos escravo dele. Não se pode viver sem o fato de ter existido. Começa assim a historia, seja ela de um povo ou de uma pessoa. A partir da escrita não podemos mais voltar atrás e nem segurar a história e o homem tornou-se um produto do livro.
Infelizmente alguns reis e governantes tentaram apagar o passado de seu povo queimando uma das maiores biblioteca que se existia a Biblioteca de Alexandria, destruindo manuscritos e anos de historia. Em tempos mais remotos Hitler e Stalin, queimaram livros e suprimiram personagens. Hoje quando vemos bibliotecas sendo abandonadas e fechadas, privando o povo de cultura e sua história, estamos deixando de lutar por nossa historia.
Um longo caminho foi percorrido até chegarmos aos livros de hoje. Uma enorme quantidade de conhecimento é acumulada e vem evoluindo a cada minuto com o advento da informática. Guardar tudo que se produz não e fácil, nem possível. Hoje o conhecimento, a informação é gerada muito rápida e da mesma forma é necessária aos que a procuram. Ver nossas bibliotecas sendo abandonadas e servindo como apenas depósitos de livros é como parar na historia e ver seu povo esquecer do seu passado. A biblioteca e o bibliotecário tem o papel de serem transformadores da informação.
Por fim, desafio a todos a visitarem as bibliotecas. Percorram esse mundo e calcule o valor diário e interminável de sua criação onde nos bibliotecário tornamos um agente secreto a desvendar uma busca incessante de informação, para sua pesquisa, sua historia, seu conhecimento. Vejam quanto ela traz da sua história e o quanto ela é importante para mantermos vivos a memória do nosso povo. Lembrem-se que quase tudo que o homem pensou ou criou devem ser guardado e que as bibliotecas são os centros de transferência da informação. Ela é um espaço dinâmico que atende a história de seu povo, onde o papel transformador do bibliotecário como agente cultural é dinamizar este espaço, tornando-o um centro múltiplo de informação e cultural de seu povo.
Por: Mirella Dutra (*)
(*) Coordenadora da biblioteca da Fundação de Cultura de Corumbá