Uma advogada de 30 anos, que pediu para não ser identificada, acusa policiais de abuso de autoridade. Ela foi algemada após ter feito uma infração de trânsito, em Campo Grande. A advogada falava ao celular enquanto dirigia.
Ela saia da Denar (Delegacia de Repressão ao Narcotráfico) com o carro Honda Civic preto, falando ao celular, quando uma viatura da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) acionou a sirene.
A advogada continuou dirigindo. Em seguida, segundo ela, um comandante da viatura gritou “desliga essa desgraça” e passou a falar vários palavrões. Ela estava na avenida Eduardo Elias Zahran e virou na rua Rodolfo José Pinho. Um veículo da polícia veio na contramão e “fechou” o carro dela.
Um dos policiais pediu a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) da advogada, mas ela entregou o documento do carro.
O policial ficou irritado, segundo a advogada, abriu a porta do veículo, retirou o cinto de segurança dela, torceu um dos braços da condutora e a algemou.
“Ele falou que eu tinha que ficar de cara com a parede. Ele deveria estar cuidando de bandido e não fazendo aquilo comigo”, conta.
A mulher ficou mais de 40 minutos algemada na calçada, em um lugar de muito movimento. A demora se deu pelo fato de a viatura que a abordou estar com dois presos. Foi necessário chamar um outro carro.
Várias pessoas viram a advogada algemada. Duas idosas chegaram a perguntar para ela: “o que você fez?”.
A advogada conta ter pedido para usar o telefone celular, mas teve o pedido negado pelos policiais.
Até que um amigo passou pelo local, viu o que estava acontecendo e telefonou para a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil). “Trataram-me igual bandido e filmaram”, disse a advogada.
Após o telefonema, a representante da Comissão de Defesa e Prerrogativa dos Advogados Marta Porto de Aragão foi até lá. Segundo ela, é ilegal prender advogado sem a presença de representante da OAB.
Marta Porto afirma que ao ser questionado por ela sobre a prisão, o comandante da viatura teria dito que “a OAB não vale nada”.
Para ela, a polícia cometeu abuso de autoridade, principalmente na desproporção entre a conduta do policial e a infração cometida. “Ela foi destratada, presa e algemada por policiais que estavam transportando preso”, ressalta.
Corregedor da PM (Polícia Militar), Coronel Judice afirmou que a advogada foi advertida porque usava celular no trânsito e que será apurado se houve abuso ou não abuso por parte da polícia.
Foi registrado um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) e em seguida a advogada foi liberada. A detenção dela foi por desacato e desobediência.
A advogada que foi algemada ameaça processar o Estado. (CG News)
Por: Da Redação