A música sempre esteve presentes na vida dele até porque toda a família mantem uma relação muito próxima com essa arte. Da percussão da escola de samba Caprichosos de Corumbá e das rodas de pagode, o jovem Robson Adrisson Barbosa Leite, de 16 anos, foi convidado pela Fundação de Cultura de Corumbá, para integrar o corpo de alunos da Academia e Música Manoel Florêncio.
“Estava na concentração da bateria da escola de samba da minha escola de coração quando recebi um convite da Fundação de Cultura para integrar a Academia. Eu vim direto e estou aqui, graças a Deus”, conta o jovem.
Se Robson chegou, por um momento, a pensar que sua deficiência visual o faria diferente dentro do projeto mantido pela Prefeitura Municipal e que forma músicos na cidade, ele se equivocou. “Eu evoluí muito porque eu só sabia o básico, pensei que seria muito difícil, mas eu me acostumei e, hoje, depois de seis meses, sei de muita coisa que não sabia antes”, comenta.
Com a dedicação dos professores, mas principalmente, do próprio adolescente, em apenas seis meses de aula, Robinho, como gosta de ser chamado, já toca composições clássicas e também populares na flauta transversal.
“Todos da Academia me receberam com um carinho que não fazia ideia, eu pensei que os professores iriam ter medo, receio de me ensinar. O maestro José Carlos nunca me deixou pra trás, me ensina junto com os alunos, se não entendia, ele voltava e me explicava novamente”, conta.
A empatia de Robinho com a música foi tamanha que, apesar de suas aulas regulares serem duas vezes na semana, ele pediu permissão e frequenta a Academia de Música de segundas a sextas-feiras.
“Como gostei demais acabo indo todo dia. Hoje, pra mim, a Manoel Florêncio é minha segunda casa”, diz orgulhoso o adolescente que vem diversificando o gosto musical com o aprendizado recebido. “No começo, eu gostasse de percussão por causa do pagode, mas, hoje, minha paixão é a flauta, tanto doce como transversal”, afirma.
Ao superar a dificuldade em enxergar, Robinho escreve sua história na música utilizando o braile. Com essa técnica, ele consegue, assim como os outros alunos, a não depender apenas da memória para executar composições. Suas partituras são escritas por ele mesmo e, depois, servem como instrumento de aprendizagem.
“Os meus professores e meus colegas me ajudam e consigo memorizar muito rápido. Muitas vezes, eles gravam no celular, me mandam por e-mail e eu passo em braile. É como se eu estivesse ciando minha própria língua musical”, avalia o adolescente que já projeta seu futuro.
“A música é uma arte de se expressar através do som e é por isso que estou, cada vez mais, do lado da música. Eu acredito que a música é meu futuro, pretendo fazer faculdade de Música. E penso que, mais que minha profissão, ela é um dom porque estarei fazendo algo que gosto e que posso alegrar as pessoas”, afirma.
Atualmente, a Academia de Música Manoel Florêncio possui 190 alunos que frequentam as aulas nos períodos matutino e vespertino, tendo diversas disciplinas na grade curricular musical, incluindo desde o contato com vários instrumentos até o desenvolvimento de técnicas vocais.
Para quem quiser conhecer mais sobre o trabalho da Academia, a sede fica localizada na Avenida General Rondon, 437, próximo à escola municipal Luiz Feitosa Rodrigues, Centro. O telefone para contato é (67) 3232-5028.
Por: Da Redação