Moradores dos bairros Alta Floresta I, II e Nova Aliança, fizeram um protesto pacífico na noite de ontem (05), contra a passagem de carretas que transportam minérios da Vale e da MMX. Devido ao pó de minério, os moradores relataram que na seca sofrem com a poeira e nas chuvas com a lama vermelha.
As carretas que transportam os minérios da Vale e da MMX passam pelas ruas Frei Liberato Keterer e Emília Alves, vias que dão acesso à área portuária de Ladário. Caso a população interdite essas ruas, as mineradores teriam dificuldade em escoar a produção.
Com a vinda da mineração, a expectativa das comunidades era de conseguir, além de empregos, estradas melhores – já que o transporte de caminhões passaria exatamente pelas mesmas vias de acesso. Mas isso não aconteceu.
Conforme Wagner Rosemberg, as interdições das ruas poderão acontecer porque há 15 anos os moradores reclamam desse problema. Além disso, a população local teme acidentes, devido à alta velocidade que as carretas transitam, colocando em risco a vida dos moradores, “as ruas são molhadas para evitar a poeira vermelha, mas só isso não resolve, então amanhã, dia 06 de setembro, estaremos fazendo um manifesto para reivindicar o asfalto nas duas vias”, disse Wagner.
Os moradores relataram que para atravessar a rua Frei Liberato, as crianças colocam em seus pés um saco plástico para não sujar os calçados. No período noturno, os barulhos proporcionados pelas carretas com as caçambas vazias, contribuem com a poluição sonora, causando grande desconforto, “é muito humilhante, não suportamos mais isso”, argumentou o morador Paulo Cesar Junior.
“Eles usam o fino de minério para nivelamento da rua e quando as carretam passam a poeira vermelha entra nas casas, isso é sério, pois tem criança que esta sangrando pelo nariz devido ao pó de minério”, alega outro morador.
Mãe de três crianças, senhora Leide Gomes de Souza disse que os protestos continuarão até que se asfalte a duas vias, “vamos fazer protesto e mais protestos até que as autoridades atendam nosso pedido, asfaltar as ruas Frei Liberato e Emília Alves, só assim resolveria essa questão”.
Para resguardar o direito de ir e vir, o subcomandante do 6º BPM, major Marcos Vinicius Lacerda, acompanhou de perto a manifestação e também ouviu a população e recebeu um abaixo-assinado, “eu não sou contra a manifestação dos senhores, pelo contrário, acho até justa, só que eu estou aqui para fazer cumprir a lei, eu só peço que façam tudo dentro da legalidade, conversem com os representes que estão aqui, tanto das empresas mineradoras, como também do poder público e achem uma solução viável dentro da legalidade”, explicou.
Os representantes da Vale e da MMX ouviram atentamente os moradores e disseram que passarão as reivindicações aos superiores, pois são responsáveis apenas pelo transporte, “estamos cumprindo com o procedimento técnico, que é molhar a via de escoamento da produção, quanto aos demais, iremos levar ao conhecimento de nossos superiores”, disse Andeilei Lopes.
Os moradores farão ainda hoje (06) um novo protesto, das 11 às 12 horas e das 17 às 18 horas, “vamos fazer vários protestos até que esta situação se resolva, pois já passou do limite, nossa riqueza é tirada de nossa terra e não vemos nenhum retorno das mineradoras que aqui estão instaladas”, finalizou Paulo Cesar.
Por: Domingos S. de Arruda