Em parceria com a Embrapa Pantanal, o Sindicato Rural de Corumbá realizou esta semana o primeiro curso sobre ultrassonografia na reprodução bovina e pretende estender a técnica para as propriedades rurais do Pantanal que ainda não utilizam a tecnologia. Durante a Feapan (Feira Agropecuária do Pantanal), em novembro, será lançado um livro sobre o tema de autoria de pesquisadores da Embrapa.
O primeiro curso foi realizado nas fazendas Band’Alta e Nhuporã, com a participação de veterinários da região e acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de MS (UFMS) e Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), de Campo Grande, objetivando capacitar esses profissionais na utilização da técnica, com ênfase no trato genital feminino dos animais.
A capacitação foi realizada pelo veterinário e pesquisador Ériklis Nogueira, da Embrapa Pantanal, com a participação da pós-doutorada em reprodução animal Juliana Correa Borges. Presente ao evento o técnico Francisco Ayres, da Biodux Laboratórios, com sede em Curitiba, que comercializa o aparelho de ultrassonografia bovina, hoje com custo reduzido em 50% e com linha de financiamento.
No Pantanal
A ultrassonografia reprodutiva tornou-se uma ferramenta valiosa para o produtor rural, no sentido de maximizar sua produção, acelerando ou antecipando os eventos relacionados com a fase produtiva do rebanho. Para o Pantanal, onde a pecuária extensiva implica em baixa produtividade, o uso da tecnologia pode aumentar o índice de reprodução em até 30%, um ganho econômico expressivo.
Trabalhando com essa técnica há mais de quatro anos, o veterinário Carlos de Barros Leite Junior, da Fazenda Nhuporã, e participante do curso, disse que, além de possibilitar o planejamento e organização da produção de bezerros por lotes, a técnica facilita o manejo do rebanho e o próprio sistema de inseminação artificial. No Pantanal, os intervalos de partos podem reduzir de 18 meses para 12 meses.
Diagnóstico precoce
Segundo o pesquisador Ériklis Nogueira, a utilização da ultrassonografia pode trazer inúmeros benefícios ao produtor como, por exemplo, o diagnóstico precoce (25-30 dias) de animais após a estação de monta, ou a retirada dos animais inférteis ou subférteis dos rebanhos de cria com patologias no útero e ovários, proporcionando a liberação das pastagens para os animais que tem potencial reprodutivo ótimo.
“Como outros exemplos da sua utilização podemos citar a sexagem fetal precoce, a partir dos 60 dias, e a otimização de doadoras e receptoras de embriões”, explica o pesquisador. “Nos casos de animais de alto padrão, sobretudo quando lançamos mão da transferência de embriões, pode ser de grande utilidade efetuar-se a sexagem precoce do feto para venda direcionada dos produtos, complementa ele.
No curso foram abordados aspectos teóricos relacionados com a fisiologia reprodutiva dos bovinos, como controle endócrino, dinâmica folicular, condições patológicas de útero e ovário e diagnóstico de gestação. As aulas práticas para a correta utilização da ultrassonografia na reprodução bovina foram realizadas na Fazenda Nhuporã, nesta quarta-feira, utilizando o rebanho local.
Por: Da Redação