Corumbá

Em audiência pública, Embrapa Pantanal sustenta intervenções no Taquari

O auditório ficou completamente lotado por vários segmentos da sociedade (Foto: Divulgação)

 

Autoridades discutem situação do Rio Taquari em audiência pública (Foto: Divulgação)
O auditório ficou completamente lotado por vários segmentos da sociedade (Foto: Divulgação)

Durante a audiência pública promovida na sexta-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) para discutir, mais uma vez, a questão dos arrombados do Rio Taquari, a chefe da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakami Resende, reafirmou estudos realizados pelo órgão apontando como soluções para salvar o rio o fechamento das margens e obras como dragagem do seu leito.

A posição da Embrapa Pantanal sustenta as intervenções dos fazendeiros que já perderam mais de 1,5 milhão de hectares inundados pelo rio. Os proprietários fecham os arrombados (obstrução das margens, levando as águas para os campos), cuja medida, autorizada desde 2008 pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), é questionada pelos pescadores profissionais de Coxim e pelo próprio MPF.

Nem rico, nem pobre

Emiko Resende disse, durante a audiência coordenada pelo procurador da República de Coxim, Daniel Fontenele Sampaio Cunha, que no caso do Taquari, em processo de assoreamento há mais de 30 anos, é preciso “assimilar a palavra maldita, a dragagem”. E ao relatar os impactos ambientais, sociais e econômicos causados pelo desastre sustentou que “no Taquari não existe nem rico e nem pobre”.

A palestra da chefe da Embrapa foi um testemunho da realidade vivida pelos fazendeiros, que criavam 500 mil cabeças de bovinos na área hoje inundada permanentemente pelo rio. O presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Luciano Leite, disse que ficou claro, para o MPF, que o taquarizano não é um vilão, como acusa o pescador de Coxim, “este, sim, predador do que restou do peixe na região”.

A fala de Emiko Resende foi relativa a um estudo técnico divulgado em 2003 pela Embrapa Pantanal, que serviu de embasamento para o programa de recuperação do Taquari do governo federal, em 2008. O levantamento aponta as intervenções para recuperar o leito do rio, como manutenção dos barrancos, e a redução do estoque pesqueiro, naquele ano, em 70% (hoje estaria em 90%).

Projetos prontos

Outra palestra que recomendou as intervenções foi apresentada pelo coronel Ângelo Rabelo, representando o senador Delcídio do Amaral (PT). Ele anunciou que o governo já realizou alguns estudos no rio, como batimetria, e existem prontos conclusivos para as primeiras intervenções, como de dragagem. Rabelo lembrou que os fazendeiros sempre mantiveram as margens do Taquari.

“O fechamento dos arrombados, nas regiões das fazendas San Souci e Palmeirinha, há décadas, salvou a região da Nhecolância, que hoje também poderia estar debaixo de água”, disse Rabelo.”No entanto, o Ministério Público, durante todos estes anos, foi induzido a tem penalizado os fazendeiros. É uma guerra silenciosa, com a omissão das ONGS ambientais e do governo”, acusou.

A audiência contou com a presença de dezenas de pantaneiros de Corumbá e pequenos produtores do Taquari afetados pelo seu desastre. O prefeito Paulo Duarte foi representado pelo secretário municipal de Produção Rural, Pedro Lacerda. O procurador Daniel Fontenele disse que se baseará em pontos convergentes, como a necessidade de intervir no rio, na decisão a ser tomada pelo MPF.

 

Por: Da Redação