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Após denúncias, MPE e MPT fazem visita surpresa à Santa Casa em MS

 

Durante a visita, membros das entidades de classe e os procuradores tentaram propor soluções para os problemas enfrentados pelos pacientes e pelos profissionais

Oito respiradores mecânicos foram encontrados sem uso, no meio de corredores e dentro de salas trancadas da Santa Casa de Campo Grande, por uma comissão formada por representantes dos ministérios públicos Estadual (MPE) e do Trabalho (MPT), Sindicato dos Trabalhadores na Área da Enfermagem de MS (Siems) e do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MS).

Após denúncias, o grupo percorreu os corredores do maior hospital do estado por quase duas horas nesta quarta-feira (25) para fazer uma radiografia do local. Eles foram acompanhados pelo diretor técnico Geraldo Faria.

Durante a visita, membros das entidades de classe e os procuradores tentaram propor soluções para os problemas enfrentados pelos pacientes e pelos profissionais. O procurador do MPT Douglas Almeida de Moraes explica que, de acordo com a denúncia, a falta de respiradores força os profissionais a operarem equipamentos manuais durante várias horas. Esses aparatos deveriam ser empregados somente nos atendimentos de urgência.

“Essa denúncia diz que esses equipamentos vêm provocando danos à saúde do trabalhador. Nossa intenção é, ao mesmo tempo, buscar soluções e colaborar com a prevenção dos problemas de saúde”, disse Moraes.

A sala do pronto socorro onde ficam os pacientes com maior gravidade dispõe de seis respiradores. A demanda, por outro lado, muitas vezes é maior. A presidente do Siems Helena Delgado resumiu a gravidade da situação à comissão.

“É um procedimento usado para o ressuscitamento. O paciente (com o respirador manual) não tem o aporte de oxigênio necessário. Essa máquina já tem todos os parâmetros necessários”, disse Delgado.

As justificativas apontadas pelo diretor técnico foram a falta de espaço para a colocação de novos respiradores e a grande demanda de vítimas de traumas. Segundo ele, não há como prever a quantidade de pacientes graves que passarão pelo local diariamente.

Espaço foi encontrado pela comissão em uma das alas atualmente desativadas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após denúncias anteriores, novos equipamentos foram comprados para suprir seis leitos e o local reformado para receber os pacientes. Entretanto, camas e colchões novos foram deixados no local.

Faria afirmou que o problema para reativar o local seria a falta de profissionais da área médica para atender a esses pacientes. Segundo ele, é necessária uma quantidade mínima médicos para cada paciente. Entretanto, o hospital abriu contratação mas a procura foi pouca.

A poucos metros da sala, uma porta trancada guardava respiradores sem uso. Segundo Faria, deixados no local como reserva. Alguns andares acima, em outro setor de UTI recentemente equipado, mais aparelhos deixados no corredor.

“Eles devem ter sido desocupados recentemente. Eu percorro os corredores da UTI diariamente e não encontrei nenhum”, disse o diretor técnico. Entretanto, segundo informações obtidas no setor, os respiradores estavam no conserto e foram entregues na segunda-feira (23). Ao saber do fato, o diretor garantiu. “Eu passei aqui hoje e esses equipamentos não estavam aqui”.

Causas

Para Helena Delgado, a situação presenciada pelo grupo durante a visita é um reflexo de vários problemas.

“Eu acho que é um somatório de falta de gestão, falta de funcionários de todas as áreas e também uma questão administrativa”, explica a presidente do Siems.

Ela afirma que o principal receio é de que os profissionais de enfermagem passem a ser responsabilizados pelas mortes dos pacientes, que por ventura poderiam ser evitados com uma melhor organização da Santa Casa. A autorização para translado de equipamentos depende de decisões gerenciais.

Soluções

Durante a visita, o procurador Douglas de Moraes tentava propor soluções práticas para resolver os impasses. Ativação da ala de UTI recentemente equipada, aumento de mais uma sala de pronto socorro para pacientes com alto risco e uso dos equipamentos que estão parados para esse público.

Uma reunião, segundo ele, será marcada para a próxima quinta-feira (26), na sede do Ministério Público do Trabalho, para discutir a respeito dessas possibilidades e até que ponto elas podem ou não serem colocadas em prática. De acordo com Moraes, serão convidados o prefeito Nelson trad Filho, os secretários municipal e estadual de saúde, representante da Santa Casa, Ministério Público Federal, Estadual e entidades de classe. (G1-MS)

 

Por: Da Redação