”Criei meu filho durante 18 anos, dei alimentação, boa educação e princípios. Ele já estudava Engenharia em uma universidade federal, falava inglês e tinha um futuro brilhante pela frente. Agora vou ter de sustentar os bandidos que mataram ele. Eles logo serão soltos e cometerão mais crimes, só que de forma mais violenta, depois de passarem pela cadeia, que é a escola do crime”, disse Rubens Silvestrini, pai de Breno.
O latrocínio (roubo seguido de morte) ocorreu na noite da última quinta-feira (30), e ainda ‘choca’ Mato Grosso do Sul. Não só pela crueldade dos bandidos, que executaram a queima roupa os estudantes, sem qualquer chance de defesa, mas também pelo valor da vida do ser humano hoje.
“Não quero que as pessoas pensem que é ódio ou vingança, porque estou longe disso, mas sou a favor da pena de morte, que seria o certo para os cinco bandidos que acabaram com a vida do meu filho e do Leonardo. Ela não vai acabar jamais com a dor que eu sinto, mas pode diminuir a violência”, avalia Silvestrini.
Ao tentar retornar a rotina, Silvestrini conta que abriu as ‘páginas amarelas’ da revista Veja nesta segunda-feira (3) e viu uma entrevista sobre o tráfico de drogas. “Na cidade de Cingapura, quem for pego com drogas é executado. Não interessa se são dois baseados ou quilos, mas isso limpou a cidade do problema e traficantes nem pensam em passar por lá, então aqui deveria acontecer o mesmo”, diz Silvestrini.
A discussão veio após os bandidos dizerem que roubaram porque teriam uma dívida com drogas. “Nada justifica a morte do meu filho. Eles poderiam ter levado o carro para a Bolívia, ter deixado eles sem roupa, feito qualquer coisa sem matar. Mas são pessoas sem caráter, que a família não deu educação alguma e agora a sociedade paga por isso”, lamenta Silvestrini.
Na casa do Sr. Rubens, que recebeu a equipe do Midiamax, as lembranças da vítima são inúmeras. Questionado sobre a personalidade do filho e os planos que teria com ele, Rubens demora a responder. A emoção vem, mas ele pega o presente que deu ao filho no último natal (uma bolsa para levar o tereré, bordada com o nome de Breno) e fala de sua simplicidade.
”Depois que aconteceu essa tragédia, muitas pessoas perguntam sobre como o Breno era. Não dá para resumir 18 anos em palavras, só sei que era um menino simples, de bom caráter e hábitos saudáveis. Ele gostava muito de tomar tereré, encontrar os amigos e fazer programas em família”, comenta Silvestrini.
Na presença da reportagem, chega o atestado de óbito do filho. “Quem diria que eu iria enterrar um filho aos 18 anos e com o laudo de traumatismo craniano por conta de ação perfuro contundente. Há dois anos meu pai faleceu, há 25 dias minha mãe faleceu e agora o meu filho. Só sei que tenho de ser forte para ficar com a minha família e a minha esposa”, diz o professor Silvestrini.
Pesquisador, cientista e estudioso, ele não busca uma resposta ao problema e sim soluções. “Não sei como será o Natal deste ano, a viagem na praia que tínhamos programado, nem a formatura da minha filha, já que uma cadeira aguardava o Breno, mas mesmo assim vou buscar soluções. Vou dar força a minha mulher, em um período no qual completamos 25 anos de casados. Foi o amor que nos uniu e agora ele vai nos unir mais ainda”, garante Silvestrini.
Ainda na casa o pai relembra um dos últimos momentos mais felizes em que esteve com o filho. “Foi muito lindo, ele tirou a carteira de motorista e me levou para passear de triciclo, algo que já planejávamos há muito tempo. Ele dirigia e ao mesmo tempo virava o rosto para olhar para mim e me dar um sorriso. Vou guardar estes momentos para sempre”, conclui o pai. (Midiamax)
Por: Da Redação