A criação de uma agenda permanente envolvendo governos, parlamentos e a sociedade civil foi uma das decisões tomadas em reunião promovida na Câmara Municipal de Corumbá, nesta quarta-feira, para discutir políticas voltadas para a fronteira Brasil-Bolívia, em Corumbá, em especial nas áreas de tráfico, migração e comércio.
Parlamentares da Assembléia Legislativa Plurinacional, de Santa Cruz de La Sierra, participaram do encontro coordenado pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Evander Vendramini (PP), e cobraram dos governos boliviano e brasileiro o cumprimento de acordos firmados, dentre os quais o Tratado de Roboré, da década de 1950.
Vendramini disse que os problemas fronteiriços são comuns entre Corumbá e a província de German Bush (Puerto Quijarro e Puerto Suarez) e não podem ser discutidos isoladamente pelos dois países, citando o prejuízo que a greve na Receita Federal está afetando ao comércio local. A fábrica de cimento do lado boliviano, por exemplo, não produz há 60 dias.
Maior integração
A extensa pauta de trabalho do fórum permanente focará principalmente questões relacionadas aos direitos humanos, como o tráfico de pessoas, violações praticadas contra brasileiros e bolivianos e a segurança. O deputado federal Moises Sales Lozano, líder da bancada de Santa Cruz, disse que a falta de insegurança na fronteira é preocupante.
Segundo o parlamentar boliviano, “não se pode mais tolerar” a falta de informações integradas entre as polícias dos dois países em relação ao roubo de carros na fronteira e também de controle migratório. Ele disse que o ir e vir de bolivianos e brasileiros deve ser tratado em nível diplomático para que não ocorra violação aos direitos humanos.
Presente a reunião, o padre Juan Marcos Cimadeu, da Pastoral da Mobilidade Humana, denunciou que a falta de uma legislação binacional ou cumprimento de acordos vem gerando discriminação e maus tratos a brasileiros e bolivianos quando entram no país vizinho, além de embaraços e desinformações em relação a documentação
Documentos falsos
Compondo a mesa da reunião, o cônsul da Bolívia Juan Carlos Merida, abordou a questão da falsificação de documentos na fronteira para facilitar a migração de bolivianos em busca de trabalho em São Paulo. Ele disse que a polícia tem nome e sobrenome das pessoas que vendem documentos falsos, porém nenhuma providência é tomada.
Presentes ao encontro as deputadas federais de Santa Cruz Flora Largo, presidente da comissão de política internacional de proteção ao migrante; e Maria Del Carmen Espanha; o vereador Carlos Alberto Machado; delegado da Polícia Civil, Evandro Luiz Banheti; major Denis Miranda, da 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira, e lideranças da comunidade boliviana.
Ao final do encontro, o presidente da Câmara, Evander Vendramini, assinou atos declarando os três parlamentares de Santa Cruz como hóspedes de honra de Corumbá.
Por: Da Redação