A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai realizar hoje (12) o primeiro leilão de faixas de frequência para a oferta da tecnologia 4G no Brasil, que promete internet móvel com velocidade até dez vezes maior que a oferecida atualmente com a tecnologia 3G. Mas, de acordo com especialistas, os aparelhos e o serviço devem começar caros no Brasil.
Como ocorre com toda nova tecnologia, o preço dos aparelhos (modems e smartphones) deverá começar alto, com tendência a baixar depois de três a quatro anos, na avaliação do presidente da Consultoria Teleco, Eduardo Tude. Ele lembra que os aparelhos ainda custam caro em todo o mundo, porque são fabricados em pequena escala.
Segundo a Teleco, há cerca de 20 milhões de acessos 4G no mundo, sendo que dois terços estão nos Estados Unidos. No Brasil, existem atualmente 54,3 milhões de acessos 3G (banda larga móvel) ativos, segundo a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Desses, 45,7 milhões são celulares e 8,6 milhões são modems.
Tude também prevê que, inicialmente, os usuários que vão migrar para a tecnologia 4G serão os chamados heavy users, ou seja, aqueles que utilizam muita capacidade de tráfego e que acabam pagando mais pelo serviço. Ao contrário do que espera o governo, o presidente da Teleco não aposta em uma disputa acirrada no leilão de hoje. “Os preços não devem ficar muito acima do preço mínimo estipulado pela Anatel. A gente vê que há espaço para todo mundo, então não vejo muito espaço para grandes disputas”.
Na avaliação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o 4G deverá ficar restrito às classes altas no Brasil, pelo menos nos primeiros anos de implantação do serviço. “A oferta ainda deve ficar muito longe da maior parte dos consumidores, porque tende a ser bem caro, levando em conta os patamares do serviço 3G”, diz a advogada do Idec Veridiana Alimonti.
Ela também cobra que a qualidade do serviço não seja deixada de lado. “Não basta alardear que teremos o 4G na Copa, mas é preciso pensar que quarta geração é essa, para que não seja uma quarta geração de problemas”.
Recentemente, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, admitiu que os preços dos serviços de tecnologia 4G deverão ser mais altos do que os das tecnologias oferecidas atualmente, mas garantiu que não será nada exorbitante. “Não pode ser muito diferente do que é hoje, senão as pessoas não vão mudar para a nova tecnologia. Se for um preço exorbitante, as pessoas vão preferir ficar. O que eu tenho lido é que o 4G vai ser um pouco mais caro e, consequentemente, vai baixar o 3G. A tendência é que quem tem poder aquisitivo vai querer migrar imediatamente para o 4G”, destacou o ministro.
O leilão de hoje, que também vai vender frequência para a oferta de telefonia móvel e internet na área rural, terá a participação de seis grupos: Claro, TIM, Oi, Vivo, Sky e Sunrise Telecomunicações, sendo que a Claro e a Tim se credenciaram com duas empresas cada. No leilão para o 4G, o vencedor será aquele que oferecer o maior preço pela outorga de cada um deles. Se todos os lotes ofertados forem vendidos, a expectativa da Anatel é arrecadar pelo menos R$ 3,85 bilhões com a licitação. Para a cobertura na área rural, vai ganhar a licitação quem oferecer o menor preço ao consumidor.
O principal objetivo do leilão, segundo a Anatel, é atender à demanda crescente no país por serviços de telecomunicações e oferecer a infraestrutura necessária para a realização de eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Por isso, as empresas que ganharem o leilão vão ter que disponibilizar o 4G nas cidades-sede da Copa das Confederações até 30 de abril de 2013, e nas sedes e subsedes da Copa do Mundo até 31 de dezembro de 2013. (AB)
Por: Da Redação