A CUT está gastando quase R$ 2 milhões, recursos tomados dos trabalhadores, para desencadear uma campanha nacional contra a contribuição sindical, recurso vital para a existência dos sindicatos em todo o Brasil. A atitude vem sendo interpretada como um engodo aos trabalhadores, pois a classe patronal seria a maior beneficiária dessa medida que representaria o fim do movimento sindical brasileiro. Seria o fim também para os próprios sindicatos que hoje integram à Central Única dos Trabalhadores, que ainda não se deram conta do perigo que essa medida representaria. A interpretação é unânime de dirigentes das demais centrais sindicais: Força Sindidal, CTB, CGTB, CSP, NCST e UGT.
Como se não bastasse tentar acabar com a força dos sindicatos, essa central tem desencadeado uma luta desenfreada para tomar sindicatos a todo custo. Tem forjado documentos para criar chapas e tentativas de tomar com intimidação e força sindicatos pelo interior de Mato Grosso do Sul, por exemplo.
Ontem mesmo, em Naviraí, grupos da central, com seguranças bem pagos, intimidaram diretores do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Açúcar e Álcool de Naviraí – Stiaac/Navi, ameaçando inclusive destruir patrimônio da entidade que vem sendo muito bem representada pelo sindicalista José Carlos Dutra, candidato à reeleição.
Não há dúvidas, então, de que a CUT assumiu uma nova postura nos últimos anos. O que cabe perguntar é porque, em um momento em que a superexploração do trabalho aumenta – ou, no limite, mantêm seus elevados índices -, a CUT, até então reconhecida e legitimada como uma central combativa, muda sua postura, no sentido de adotar uma prática sindical exatamente oposta à que caracterizava sua essência enquanto entidade de representação da classe trabalhadora.
Deixou de ser combativa, e passou a ser propositiva. Deixou de empreender lutas, e passou a ser contraditória. Perdeu o rumo de seu caminho: se nasceu para combater superexploração do trabalho, através da luta pela redução da jornada e pela elevação dos salários, hoje praticamente se mostra passiva frente às políticas que atingem de forma perversa a classe trabalhadora.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, disse que essa ação da CUT, de acabar com a contribuição sindical, levanta uma antiga bandeira patronal. “Essa campanha é um desserviço para os trabalhadores, não possui unidade no movimento sindical, pois uma ação como esta só beneficia o patrão e enfraquece o movimento sindical”.
“Enquanto lutamos pelo fortalecimento das centrais, pela união dos trabalhadores, pela valorização do setor, a CUT vai na contramão e levanta uma discussão sem sentido, que não favorece os trabalhadores. Será que esta central não observa as demandas de fundo que estamos enfrentando hoje”, questionou o dirigente.
O presidente da CTB acrescentou que “enquanto as outras centrais estão preocupadas com o Brasil, com nossa indústria, com a crise aqui e nas nações amigas como Grécia, Portugal e Espanha, a CUT serve de quinta coluna para desviar a atenção da luta dos trabalhadores. Em que se pese, apenas a CUT e o patronato defendem essa bandeira. A CTB lamenta o papel assumido pela CUT.
O presidente da CTB em Mato Grosso do Sul, Ricardo Martinez Froes, disse que a CUT está enganando o trabalhador brasileiro com essa campanha contra a contribuição sindical. Segundo ele, a central pretende criar um outro mecanismo para tirar o triplo do valor correspondente à contribuição, do salário dos trabalhadores.
O presidente nacional da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (PDT), também defende a contribuição sindical com um recurso necessário e vital para a manutenção do movimento sindical brasileiro. “Sem os sindicatos, os trabalhadores ficariam à mercê do patronato e aí sim seria o fim dos direitos e conquistas dos trabalhadores”, comentou.
Por: Da Redação