Espetáculo Guadakan emociona público carioca com alerta poético e musical sobre a preservação do Pantanal
Pela primeira vez em turnê por outros estados do Brasil, o espetáculo pantaneiro Guadakan arrebatou o público carioca nas duas apresentações realizadas na última quinta-feira (22/6) com a Companhia de Dança do Pantanal e a Orquestra de Câmara do Pantanal (OCAMP), projetos do premiado Instituto Moinho Cultural Sul-Americano. Os presentes destacaram a qualidade técnica e artística da aula pública e também salientaram a importância do uso da arte através da música e da arte contemporânea para o alerta em relação à necessidade de uma ação mais contundente de proteção ao Pantanal. Uma das apresentações foi seguida de um bate-papo entre os integrantes dos projetos e os presentes.
“É uma oportunidade ímpar para nós estar aqui mostrando nosso trabalho, trazendo para uma grande cidade um projeto onde estão diversos jovens que cresceram conosco”, destaca Márcia Rolon, diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural. “Procuramos dar a eles uma formação integral, para a cidadania. E acredito que o poder transformador de uma iniciativa como essa se mostrou hoje aqui nesse palco”, conclui.
Concebido a partir de um mito Guató, etnia estabelecida na fronteira entre o Brasil e a Bolívia, a história de Guadakan leva todos a uma reflexão: “no princípio, era a simplicidade. Os antigos aprenderam e passaram a ensinar aos seus que tudo tem um dono no Pantanal, seres não humanos, sobrenaturais ou divinos que devem ser respeitados e exigem uma conduta ética para que ali todos possam viver em equilíbrio com os recursos por eles oferecidos. Quando se quebram regras, punições serão proferidas”.
Para Beatriz Oliveira, estudante de 22 anos, o momento foi de emoção em dobro: além de assistir o espetáculo, ela estava reencontrando amigos e revendo sua própria trajetória nos projetos do Instituto. Nascida em Corumbá, ela vive no Rio de Janeiro há dois anos, cidade que procurou para poder continuar seus estudos. “Essas pessoas fizeram parte da minha vida durante seis anos: estudei música, balé, teatro”, enumera. “Eu tive acesso a coisas da nossa cultura que não teria visto em outro lugar e sinto muita falta do projeto, tanto que sempre vou até lá tento me conectar de alguma forma”, conta, dizendo que foi uma felicidade ver seus amigos “ganhando o mundo”.
Acompanhada de um grupo de dezessete meninas integrantes da Equipe de Ginástica Rítmica do Instituto Mangueira do Futuro, a professora Guta Buarque explicou que oportunidades como essa reforçam o papel da cultura como uma ferramenta de aprendizado e formação integral e humana. “Já trabalhamos temas relacionados com elas, visto que é fundamental pensar no meio ambiente hoje, e é também muito importante que tenham essa referência, não só do assunto, mas de pessoas que são bem sucedidas almejando e fazendo exatamente o que elas fazem hoje”, avalia.
Carlos Alberto Pires, maestro da Orquestra Sinfônica Juvenil Carioca, que também assistiu ao espetáculo acompanhado de diversos jovens que compõe o projeto no qual trabalha, disse estar emocionado com a magnitude e com a qualidade apresentadas no palco. “Para nós que atuamos em projetos como esse, é uma satisfação ver que estamos no caminho certo, que é possível”, diz. “
Intercâmbio na Orquestra Sinfônica Brasileira
Nem todos os integrantes do projeto voltaram para casa no dia seguinte. Gabriel Ramos, 20 anos, violinista da Orquestra de Câmara do Pantanal (OCAMP), veio para passar uma temporada de seis meses em terras cariocas. Após passar por um rigoroso e disputado processo de seleção, ele foi escolhido para um intercâmbio de seis meses na Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Gabriel relembra que o encontro com o Instituto Moinho Cultural proporcionou a ele o reencontro, um pacto com a música. Ele já tocava o instrumento, mas estava atuando em outra área e o violino infelizmente estava sendo “deixado de lado”.
Os estudos feitos a partir do ano de 2020, segundo ele, foram cruciais para essa conquista. A oportunidade dessa residência musical é oferecida todos os anos para músicos jovens de todo o Brasil. “Eu vou me dedicar ao máximo às aulas, à prática de orquestra, tudo isso será sinônimo de muito aprimoramento e aprendizado”, prevê.
A aula pública Guadakan foi apresentada pela primeira vez no evento Moinho In Concert, em Corumbá (MS), em dezembro do ano passado. E agora foi adaptada para o formato de turnê. No formato original, a apresentação envolve mais de 400 crianças e adolescentes. Cerca de 4 mil pessoas já assistiram à apresentação nas cidades de Corumbá, Campo Grande, Dourados e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
A primeira sessão do espetáculo que ocorrida na Uerj faz parte da série Palco das Escolas. A iniciativa visa atrair os estudantes do ensino fundamental e médio a frequentar o teatro. Após a apresentação, haverá um debate.
São parceiros a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e Departamento Cultural da UERJ. Na produção: Divisão de Teatro e Laboratório de Acessibilidade Cultural. Promoção: CTE, Rádio UERJ e Rádio Roquette Pinto.
Já as ações completas do Moinho Cultural contam com o patrocínio máster via Lei de Incentivo à Cultura do Instituto Cultural Vale, bem como com o patrocínio da Bellalluna Participações LTDA, Energisa, BRINKS, BTG Pactual, CaraÍ Empreendimentos LTDA, HINOVE e Rodobens. Conta também com o apoio cultural do Instituto FAR, o fomento do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, além da parceria com a J.Macêdo e Fecomércio MS-SESC. São parceiros institucionais a Prefeitura de Corumbá, Prefeitura de Ladário, Prefeitura de Puerto Suárez, Prefeitura de Puerto Quijarro, Instituto Homem Pantaneiro, IFMS, UFMS, Acaia Pantanal e outros doadores pessoa física e jurídica.
De volta ao Mato Grosso do Sul, o espetáculo Guadakan vai seguir sua temporada se apresentando em cidades do estado.
Sobre o Instituto Moinho Cultural
O Moinho Cultural é uma OSC que oferece há 18 anos, para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social de Corumbá (MS), Ladário (MS), Puerto Suarez e Puerto Quijarro (situadas na fronteira do Brasil com a Bolívia), aulas de dança, música, tecnologia e informática. A formação continuada oferecida pela instituição tem duração de até oito anos. O Moinho também atua na formação de intérpretes criadores para jovens e adultos com a Companhia de Dança do Pantanal, com a Orquestra de Câmara do Pantanal e com Núcleo de Tecnologia. A missão da instituição é diminuir a vulnerabilidade social na região de fronteira Brasil-Bolívia, por meio do acesso a bens culturais e tecnológicos. Desde o início das atividades, mais de 23 mil crianças e adolescentes já foram atendidos pelo Moinho. (https://moinhocultural.org.br/)
Sobre o Palco das Escolas
O projeto Palco das Escolas traz para os espaços culturais da UERJ os estudantes das escolas (em especial as públicas) dos bairros do entorno da universidade para assistirem às apresentações artísticas de companhias de teatro, de dança e grupos de música que são oferecidas gratuitamente em horário escolar. Oferece acesso gratuito aos alunos da rede pública de ensino, estabelecendo relações tanto com o contexto universitário da UERJ quanto com a comunidade em geral, contribuindo para informar e formar um público receptivo às atividades artísticas. As ações desenvolvidas através de projetos culturais dinamizados pela área de produção da Divisão de Teatro devem propiciar a participação da comunidade universitária e privilegiar mecanismos permanentes de interação com a sociedade civil. Tem o objetivo de transformar a universidade num polo cultural onde as apresentações artístico-culturais façam parte da rotina da comunidade acadêmica, da sua formação universitária, e da comunidade externa, configurando novos campos para a produção e difusão de conhecimentos na UERJ.
*Assessoria de Imprensa