Corumbá

Cantando os 110 anos dos Divinos Santos do Brasil, Mocidade levanta o público

 

“Os 110 anos dos Divinos Santos do Brasil”, contando um breve histórico da Umbanda, foi o enredo da Mocidade Independente da Nova Corumbá, atual campeã do carnaval e segunda escola de samba a desfilar na noite desta segunda-feira, 04 de março, na avenida General Rondon.

Escola trouxe Comissão de Frente representando as divindades espirituais que guiam as cabeças dos praticantes da Umbanda, parte da miscigenação cultural e religiosa que dá origem à Umbanda. As divindades representadas são: Exu, Oxossi, Xangô, Ogum, Obaluaê, Oxum, Iansã, Nanã, Oxumaré e Iemanjá, acompanhados por dois incensários.

Carro abre-alas intitulado ‘Zambi, Olorum, Oxalá, o Tesouro Maior abre alas para a Mocidade’, mostrou o encontro com as grandes divindades africanas e o despertar para um novo olhar que o Brasil passaria a ter do mundo espiritual e da importância de suas divindades. O nascimento da umbanda deriva dos renegados, daqueles que, por algum motivo, se encontravam em seu plano terreno, às margens da sociedade.

Primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira como ‘Homem e Mulher da Rua’ representaram os Exus, que, de acordo com a crença religiosa, são espíritos de diversos níveis de luz que incorporam nos médiuns. Também considerados como “sentinelas”,”seguranças” que agem pela Lei, no submundo do “crime” organizado e principalmente policiando o Médium no seu dia-a-dia.

Bateria, com seus 100 ritmistas, trouxe para a avenida ‘o Zé da Malandragem’ e exaltou o Zé Pelintra (ou Seu Zé, como também é chamado) é uma das mais importantes entidades de cultos afro-brasileiros. É considerado o espírito patrono dos bares, locais de jogo e sarjetas, embora não alinhado com entidades de cunho negativo, é uma espécie de transcrição arquetípica do “malandro”.

Alas da Mocidade apresentaram Mulheres na penumbra da Noite; Padilhas e Tranca-Ruas e Exu Calunga. Carro alegórico apresentou dois tipos de santos evocados nos terreiros da Umbanda. Na frente, o povo das ruas, exus e pombagiras que fazem parte da abertura de caminhos dos rumos do corpo e do espírito. Na parte de trás os pretos-velhos e pretas-velhas, que trazem a serenidade e a sabedoria para a trilha dos caminhos realizados nas vidas humanas e trazem a harmonia ao mundo espiritual. Tripé representou Iemanjá, a Rainha dos Mares da Umbanda.

Escola lembrou Cosme e Damião em carro alegórico. Filhos gêmeos de Xangô e Iansã. Os devotos e simpatizantes têm o costume de fazer caruru (uma comida típica da tradição afro-brasileira), chamado também de “Caruru dos Santos” e “Caruru dos sete meninos” que representam os sete irmãos (Cosme, Damião, Dou, Alabá, Crispim, Crispiniano e Talabi), e dar para as crianças.

Parte final do desfile trouxe carro ‘O caboclo das Sete Encruzilhadas e o povo índio’, representando a entidade pertencente à linha dos Caboclos de Umbanda, que segundo a crença da religião, foi incorporada pelo médium Zélio Fernandino de Morais, e que teria orientado espiritualmente a fundação da Umbanda. Ala da Velha Guarda com fantasias de Médiuns e ala Ogans.

Carro ‘Xirê da Umbanda, O terreiro da Paz’ encerrou o desfile da Mocidade, a escola retratou um terreiro de Umbanda, onde se professam os desejos das bandeiras que fundamentam esta religião.