Ladário

Ladário: quem vem conhece, se acostuma, gosta e aqui procura viver fixando suas raizes

 

Considerada uma das cidades mais antigas do Estado de Mato Grosso do Sul, o município, que está localizado à margem direita do Rio Paraguai, na Fronteira Oeste do Brasil, Ladário, completa nesta quarta-feira, 02 de setembro, 237 anos de fundação. Uma verdadeira “pérola”, que vem sendo cuidada por anos, trilhando o desenvolvimento da região do Pantanal sul-mato-grossense.

Dentro do município há uma intensa miscigenação de pessoas que, aqui, escolheram para vier. O jeito interiorano do município contribui muito para que este sentimento cresça cada vez mais, chamando a atenção dos quatro cantos do Brasil e também de quem mora em outros países.

O sentimento de amor, que perpetua de quem aqui chega, é tão intenso, que chega a ultrapassar a fronteira. Entre tantos “ladarenses de coração”, está a comerciante Irene Martinez, que chegou ao município há quase três meses e disse estar apaixonada pela manifestação popular, o amor pelo seu município.

“Saí da cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, vim para Corumbá, fiquei algum tempo por lá. Claro, neste período regularizei a minha permanência no Brasil e daí, resolvi morar em Ladário com a minha família, onde tenho um comércio. Essa decisão foi pensando no futuro do meu filho e também da família. É difícil, mas temos que abraçar as oportunidades”, disse Irene que tem uma mercearia na rua Pedro Felicidade, Conjunto Seac.

Ainda de acordo com a boliviana, ela se identificou com Ladário e as estruturas que a cidade tinha a oferecer, “realmente aqui é bom de viver. Temos uma infraestrutura adequada que contribuí para a nossa qualidade de vida, como escolas, creches, unidades de saúde e agora o melhor, o asfalto chegando na porta de casa”, comemorou se referindo a pavimentação da rua onde mora, que está sendo executada por meio de recursos próprios.

Separado a milhares de quilômetros de sua terra natal, Ladário foi o refúgio escolhido para começar uma nova vida. O município pequeno, no interior do Mato Grosso do Sul, chamou a atenção do jovem, de apenas 24 anos de idade, que desembarcou em Ladário, numa comitiva em 1969, para trabalhar em uma siderúrgica, cortando lenha a machado.

Da cidade de Monteiro, município brasileiro do estado da Paraíba localizado na microrregião do Cariri Ocidental, Sebastião da Silva (73), conhecido também como “Seo Seba”, diz que no começo foi tudo difícil, mas, na Pérola do Pantanal, além da mudança radical de vida, encontrou o conforto e o colo, de um verdadeiro amor.

“Cheguei com 18 pessoas vindas da Paraíba. Dessas, apenas eu, e mais dois ficamos. Na Paraíba, só lembranças de parentes, porque foi aqui em Ladário que me encontrei, descobri como enfrentar a vida e descobri o que é o amor”, contou Sebastião.

Casado há mais de 40 anos, com a ladarense Maria Benvinda da Silva, onde juntos construíram uma família com sete filhos, sendo uma mulher e seis homens, Sebastião, o “comedor de rapadura com farinha”, ainda sente saudades da terra Natal, e para matar essa dor que insiste ainda existir, faz de sua gaita e de seu instrumento (não definido por ele) uma ponta de satisfação, ao relembrar seus tempos de meninos na Paraíba. Porém, Ladário está no coração.

“Como cabra arretado, já disse e repito, quando dessa vida me for, junto comigo, quero a terra de Ladário do meu lado, raiz essa, que me deu tanto em vida. Graças à cidade, conheci o amor da minha vida. Um amor que já estava escrito desde a última cidade da ponta do Brasil, com a fronteira Oeste, e, de lá, trouxe comigo a minha tradição, meu forró tocada com a minha gaita, que roubou o coração da mulher amada e amenizou a dor da saudade, juntamente com o caldo de cana”, relembrou emocionado Seba.

Para a sua companheira, Maria Benvinda, apenas uma palavra resume toda a história do casal, “amor e cumplicidade”, revelou. “Ele me roubou o coração e de lá pra cá, nesses anos todos, não aceitei a devolução. Juntos somos mais forte e Ladário é o nosso livro que abriga todos os capítulos vividos até hoje”, completou.

“Se Pedro Alvares descobriu o Brasil, Seo Seba, descobriu Ladário”, brincou se referindo sobre as suas andanças pela Pérola do Pantanal e que “terminou” após conquistar seu pedaço de chão, localizado no final da rua Rui Barbosa, com a Frei Liberato, Bairro Almirante Tamandaré.

“Ladário é minha coroa que sempre usarei como um rei. Da minha cidade a saudade aperta, o tempo ameniza, lá quero voltar, rever os amigos e parentes, e retornar para meu lugar, Ladário”, desejou o comedor de rapadura com farinha.

“Ladário é o futuro para meus netos, bisnetos e para quem nascer aqui e souber levar com amor e carinho essa terra rica. Quisera eu, alcançar os 237 anos de história, o qual ajudei a construir. Somos nós o povo ladarense, detentores de gloria mil, o progresso é nosso lema e trabalhamos pelo Brasil ”, finalizou Sebastião cantando um pedaço do Hino à Ladário. (Assessoria de Imprensa-PML)

 

Por: Da Redação