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Embrapa oferece armazenamento de material genético de raças comerciais

 

Em palestra realizada na noite da última quinta-feira (20) no Sindicato Rural de Corumbá (MS), o pesquisador Arthur da Silva Mariante, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF), anunciou que o BBGA (Banco Brasileiro de Germoplasma Animal) está apto a armazenar material genético não apenas de raças localmente adaptadas, afastando-as da iminência da extinção, como também de algumas raças comerciais, evitando o desaparecimento de linhagens formadoras. “A preocupação é que algumas dessas raças vêm desaparecendo em função da utilização maciça de um pequeno número de reprodutores”, explicou.

Mariante esteve em Corumbá participando do 1º Workshop de Recursos Genéticos de Equídeos Localmente Adaptados. O evento ocorreu durante toda a semana, começando na fazenda Nhumirim, campo experimental da Embrapa Pantanal, continuando na quarta e quinta-feira durante o dia no auditório da Unidade e finalizando na noite de quinta no Sindicato Rural, onde produtores rurais puderam ter acesso a informações sobre a conservação de raças.

Mariante descreveu casos de sucesso de conservação de raças localmente adaptadas que o programa da Embrapa vem acompanhando ao longo de seus 33 anos de implantação. O mais famoso é o do Bovino Caracu, que “apresenta a história de maior sucesso de recuperação de uma raça localmente adaptada brasileira, que hoje é utilizada como raça pura e em cruzamentos”.

Mariante lembrou que o Instituto de Zootecnia de São Paulo foi pioneiro na conservação de recursos genéticos animais no Brasil. Na década de 1970, alguns animais da raça Caracu foram inscritos em uma prova de ganho de peso do instituto, que normalmente recebia apenas raças zebuínas. Surpreendentemente, touros Caracu venceram a prova. Hoje a população estimada supera 70 mil cabeças no país.

Outros casos apresentados pelo pesquisador se referiam ao Bovino Crioulo Lageano, ao Cavalo Pantaneiro, ao Bovino Curraleiro Pé-Duro e ao Ovino Crioulo Lanado. Mariante deixou claro que a organização de criadores em associações é imprescindível para que essas raças persistam.

O banco de armazenamento da Embrapa conta hoje com 12 mil amostras de DNA e tecidos de espécies silvestres e domésticas. Muitas das informações estão disponíveis no sistema Alelo Animal, um software desenvolvido em parceria com os Estados Unidos e finalizado em 2014, mesmo ano em que começou a funcionar o novo prédio do banco genético da Embrapa. Lá estão armazenados material genético animal, vegetal e microbiano.

Mariante disse ainda que produtores interessados em armazenar material genético de raças podem procurar a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Não há custo de armazenamento, apenas de transporte do material. O controle de entrada e saída desse material é feito por meio de contratos.

A palestra no Sindicato Rural foi aberta pelo presidente da entidade, Luciano Leite, e teve a participação do novo chefe geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara. Jorge aproveitou a oportunidade para dizer aos produtores que as portas da Unidade estão sempre abertas a eles.

EQUÍDEOS LOCALMENTE ADAPTADOS

Diversos especialistas em raças de equídeos localmente adaptadas estiveram no evento durante a semana. Eles falaram sobre a conservação das raças do cavalo Marajoara, do mini cavalo Puruca (ambos da ilha de Marajó), do cavalo Lavradeiro, do Baixadeiro, do Nordestino, do Campeiro, do Pantaneiro e do Jumento Brasileiro.

Também foi realizada uma palestra sobre Anemia Infecciosa Equina, abordando as iniciativas de educação sanitária e os custos do controle. O tema foi tratado pela pesquisadora Márcia Furlan, da Embrapa Pantanal. Este foi o primeiro evento realizado na Unidade para tratar exclusivamente de Equideos. O evento foi articulado pela pesquisadora Sandra Santos, que há anos pesquisa o Cavalos Pantaneiro e que atualmente coordena o Projeto Componente “Conservação in situ de Equideos”.

Segundo ela, o workshop proporcionou uma grande oportunidade de troca de experiências entre pesquisadores, técnicos e criadores provenientes de diferentes regiões. “Notamos que muitos dos problemas eram similares, mas muitos eram especificos de cada região. O grupo mostrou um espírito de companheirismo, o que proporcionou várias possibilidades de estudos em parcerias”, disse Sandra.

A presença do criador de cavalo Pantaneiro, Paulo Moura, assim como dos pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Mariante e Maria Socorro Albuquerque, enriqueceram o evento pois eles puderam esclarecer várias dúvidas e também se prontificaram a auxiliar no processo de formação das associações de criadores das raças ainda em risco de extinção.

O grupo reunido continuará a interação por meio de redes sociais e videoconferências, ferramentas que permitem a comunicação a distância. Da reunião foram definidos pontos forte e fracos, além de oportunidades e ameaças e prováveis estratégias/soluções para cada raça de equídeo representada no evento. Finalmente, , de acordo com Sandra, o grupo decidiu elaborar em conjunto um livro sobre os assuntos discutidos no workshop, pois há carência de informações sobre as raças de equídeos localmente adaptadas do Brasil. (Texto: Embrapa Pantanal)

 

Por: Da Redação