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Escutas falam de ‘negócio de R$ 7 milhões’ para Rose após cassação de Bernal

 

São mais de 10 mil páginas do processo de investigação da Operação Coffee Break, que culminou com a denúncia ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) de 24 pessoas, por supostamente orquestrarem negociatas para a cassação de Alcides Bernal (PP). Todavia, algumas denúncias, como negócios de R$ 7 milhões não bastaram para incluir na lista de denunciados parlamentares que participaram do afastamento do progressista, em março de 2014.

Uma conversa entre duas testemunhas do processo, ouvidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e que se apresentaram como ex-assessoras da vice-governadora e pré-candidata à Prefeitura da Capital, Rose Modesto (PSDB), não serviu ao MPE-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) como indício suficiente para incluir a tucana no rol de denunciados.

A ex-assessora de Rose, Anny Cristina Silva Nascimento Sales, que se apresentou ao procurador responsável pelo Gaeco à época das investigações, Marcos Alex Vera, como ‘musica’ e como ex-assessora de políticos como o ex-deputado federal Antônio Cruz, o deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB) e da própria vice-governadora, contou que ouviu do homem apontado como ‘peça-chave’ no esquema de troca de cheques para compra de votos para cassação de Bernal, o ex-assessor de Gilmar Olarte, Ronan Feitosa de Lima, que ele e Rose acertariam um negocio milionário.

Do outro lado da linha estava Marli Deborah Pereira de Campos, que também contou a Marcos Alex que trabalhou por oito anos com os irmãos Modesto, e que seria uma das prejudicadas por Ronan, que lhe pediu folhas de cheque em branco, a mando de Gilmar Olarte, para supostamente bancar a cassação de Bernal.

O pagamento da dívida foi prometido, segundo a testemunha, pelo próprio ex-vice-prefeito afastado, que ela conheceu quando Olarte assumiu a vaga de Rinaldo na Câmara da Capital, em 2006, que este tornou-se deputado estadual pela primeira vez.

Para o Ministério Público, como a atuação de Ronan precedeu em pelo menos sete meses a saída de Bernal, ele e seu então chefe, Olarte, já arquitetavam um plano para troca de comando no Paço Municipal.

Na denúncia oferecida pelo Ministério Público, o parquet afirma que ‘entre as vantagens indevidas oferecidas aos vereadores, para obter votos favoráveis à cassação do mandato do Chefe do Executivo’, Gilmar Olarte teria oferecido cargos junto ao Poder Executivo, dentre os favorecidos estariam a então vereadora Rose Modesto, com ‘a indicação de titular da Secretaria de Educação’, fato confirmado pela própria tucana em depoimento ao Gaeco.

Apesar das declarações e interceptações telefônicas, a denúncia assinada pelo atual Procurador-Geral de Justiça, Paulo Cezar dos Passos, afirma que contra a pré-candidata tucana à Capital ‘da análise minuciosa do resultado das investigações encetadas no presente caderno investigatório, assim como das interceptações telefônicas realizadas, ainda não foi possível formar a convicção de que solicitaram, receberam e aceitaram promessas de vantagens indevidas, tais como cargos públicos e indicação de correligionários a ocuparem cargos públicos junto ao Poder Executivo Municipal, bem como vantagens econômicas, não existindo, ao menos por ora, elementos suficientes para imputar-lhe as condutas delituosas em comento’.

Entre as pessoas na mesma situação de Rose estão os vereadores Coringa e Chiquinho Telles, ambos do PSB, Carla Stephanini e Vanderlei Cabeludo, PMDB, os ex-vereadores Juliana Zorzo (PSC) e Delei Pinheiro (PSD) e a deputada estadual Grazielle Machado.

Após a repercussão do caso e da ausência dos parlamentares na lista de denunciados, o Ministério Público revelou que está em curso uma investigação paralela para apurar a participação dos sete citados acima nas supostas negociatas e ilegalidades que resultaram na cassação de Bernal, em março de 2014.

Ao Jornal Midiamax, a vice-governadora afirmou que a não inclusão de seu nome na lista de denunciados da Operação Coffee Break, se deve ao fato “de não haver qualquer elemento que caracterize crime” cometido por ela no processo de cassação de Bernal. (Midiamax)

 

Por: Da Redação