Corumbá

Políticos de Corumbá unem forças para eleger deputados em 2018

O lançamento do “Pacto por Corumbá” aconteceu durante um ato na Câmara Municipal (Foto: Divulgação)

 

O lançamento do “Pacto por Corumbá” aconteceu durante um ato na Câmara Municipal (Foto: Divulgação)

Mesmo com uma participação expressiva no cenário econômico do Mato Groso do Sul, Corumbá continua pagando um alto preço pela falta de representatividade política no cenário estadual e também nacional.

Para reverter este quadro, a classe política iniciou nesta sexta-feira, 11, uma intensa movimentação em torno de um “Pacto por Corumbá”, com vistas às eleições de 2018. O pensamento é eleger pelo menos dois deputados estaduais para a região voltar a ter representantes no Poder Legislativo.

O lançamento do “Pacto por Corumbá” aconteceu durante um ato na Câmara Municipal com as presenças de todos os vereadores corumbaenses, bem como do prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PSDB). A iniciativa do encontro partiu do vereador e presidente da Casa de Leis, Evander Vendramini (PP), e ganhou adesão dos poderes Legislativo e Executivo.

“Corumbá conta com mais de 70 mil eleitores. Em Ladário são mais 15 mil. Não podemos concordar que uma região, com 85 mil eleitores, não tenha nenhum representante na Assembleia Legislativa. Temos que trabalhar para reverter este quadro e, para isso, estamos buscando o apoio de toda a classe política para que, em 2018, façamos um trabalho para eleger dois ou até três deputados estaduais”, declarou Evander.

Segundo o presidente, isso passa pela redução de números de candidatos da terra. Em 2014, só de Corumbá, foram 12, além de um de Ladário. “Pesquisas vão apontar quem realmente estará em condições de disputar a eleição e ganhar. Temos que deixar de lado as vaidades políticas e pensar na cidade, na nossa população que também precisa estar consciente e votar nos candidatos que, realmente, tenham chances de se eleger”, continuou.

Evander afirmou inclusive que é preciso evitar erros do passado. Lembrou 2014 quando 35 mil eleitores votaram em candidatos da terra, mas outros 17 mil votos foram para candidatos de fora. “Isso acontece porque não alertamos a população da necessidade de termos representantes. 35% dos votos para candidatos de fora impediu a eleição de pelo menos dois deputados estaduais”, observou, se referindo ao atual prefeito Ruiter Cunha e ao vice-prefeito Marcelo Iunes, que ficaram na primeira suplência em suas coligações.

Excesso de candidatos

Outro fator destacado por Evander foi o excesso de candidatos. Em 2014 foram 12, só para Deputado Estadual, que conquistaram de 60 a 4 mil votos. Isto também atrapalhou, fazendo com que Corumbá continuasse sem representatividade política na esfera estadual. Para ele, é preciso acabar os “conchavos políticos com indicações de candidatos sem nenhuma condições de se eleger”, citou, defendendo a união entre todos os partidos para Corumbá voltar ter representatividade.

“Vamos também levar este projeto a todos os partidos de Corumbá e de Ladário, onde ainda conversaremos com o prefeito e vereadores. Vamos buscar lançar candidatos que tenham condições de se eleger. Para isto, faremos pesquisas para saber quais são os com maiores chances. Precisamos nos despir de vaidades. Acima de tudo está o interesse da nossa região. A nossa história prova que, quando tivemos representantes, o desenvolvimento foi muito maior por causa dos recursos que eram encaminhados para nossa cidade”, concluiu.

Sem vaidade

O projeto tem adesão de todos os vereadores da Casa de Leis. Domingos Albaneze Neto (PV), por exemplo, disse que é preciso deixar a vaidade de lado, e que não há necessidade de “brigar com candidatos de fora”. Lembrou que Corumbá é uma cidade receptiva e que neste momento, é preciso pensar mais na cidade e lançar poucos e bons candidatos da terra.

Luciano Costa (PT) destacou que, neste momento, é importante a classe política estar unida, principalmente o Poder Executivo estar junto, trabalhando para Corumbá voltar ter representatividade nas esferas superiores. Para Manoel Rodrigues (PRB), na situação atual não pode haver “oposição e nem situação. Precisamos sim ter candidatos a favor de Corumbá, evitando erros do passado”.

Roberto Façanha (PMDB) foi taxativo ao afirmar que “desde 1998 que só trabalho por candidatos da terra”, e que vai continuar mantendo esta posição. Baianinho (PSDB), Chicão Vianna (Solidariedade), Tadeu Vieira (PDT) e André da Farmácia (PTB), foram outros que destacaram a importância do pacto, juntamente com Gaúcho da Pró-Art (PP), Yussef Salla (PDT), Gabriel Alves de Oliveira (PMDB), Rufo Vinagre (PR), Bira (PSDB) e Paulo Betini (PSB).

Ruiter adere e quer que projeto seja discutido com a sociedade

Além de aderir ao “Pacto por Corumbá”, o prefeito Ruiter Cunha disse que é preciso ampliar a discussão em torno desse projeto, inclusive com a participação dos mais diferentes segmentos da sociedade, bem como com todos os partidos políticos da região.

Ele destacou como importante esta iniciativa, afirmando que a proposta tem que partir mesmo do Poder Legislativo, e que, agora, é preciso ampliar a discussão, inclusive com segmentos da sociedade. “Precisamos agregar mais atores importantes nesse processo, os empresários, industriários, segmentos de trabalhadores, bairros. Precisamos dialogar com essas pessoas para que elas entendam também que se Corumbá tiver representatividade será muito mais fácil fazer a cidade avançar”.

Citou que, diante da atual situação no cenário nacional em torno da reforma política, é preciso sim, estabelecer critérios no sentido de reduzir o número de candidatos da terra. Ele fez uma referência ao ‘Distritão’ que, se passar, acaba com a legenda. Fez inclusive uma referência às eleições de 2014. Na época, com esta proposta na reforma política, ele estaria eleito, já que foi o 244º mais votado no Estado.

“Com a mudança proposta na reforma política, os grandes centros, que têm maior densidade eleitoral, também diminuirão o número de candidatos. Assim, os de lá terão muito mais votos que os nossos do interior, por isso há uma necessidade maior ainda de reduzir o número de candidatos aqui”, comentou.

Ruiter citou ainda a necessidade de identificar “aqueles possíveis candidatos mais fortes e trabalhar para que eles possam ter condições de serem eleitos”. Como prefeito, ele disse sentir as dificuldades que o Poder Executivo tem em realizar ações, devido à falta de representatividade.

Um exemplo disso, conforme ele, ocorreu recentemente: “quase perdemos o Fonplata por não termos ninguém em Brasília para nos orientar, indicar os caminhos”, lembrou, afirmando que a peregrinação durou cerca de 10 dias para resolver as dificuldades encontradas.

Região tem condições de eleger deputados estaduais e até federal

Corumbá conta com 70.547 eleitores. Junto com Ladário, são mais de 85 mil. Isto mostra que a região possui chances reais de voltar a ocupar posição de destaque no legislativo sul-mato-grossense e até mesmo na Câmara Federal.

Mas, para isto, é preciso deixar de lado as vaidades políticas e a população se conscientizar de que, após anos de sofrimento, sem deputados estaduais, “vivendo de migalhas”, é preciso votar em candidatos da terra, pessoas que tenham, de fato, compromisso com Corumbá, que lutarão pelo desenvolvimento da cidade.

Hoje, sem representatividade, Corumbá está na dependência de políticos de outras regiões, que têm compromissos com suas cidades. Um exemplo disso foi a liberação de mais de R$ 75 milhões por parte do Governo do Estado, para obras de pavimentação asfáltica em Dourados, e outros R$ 76 milhões para Maracaju, numa clara demonstração de que, com força política, tudo se torna mais fácil.

Já são quatro anos, oito meses e 12 dias sem representante na Assembleia Legislativa. Este período poderia ter sido bem mais curto se, em 2014, os eleitores tivessem apostado em gente da terra, pessoas com compromisso com a população pantaneira, como Corumbá e também com Ladário.

Se não bastassem o excesso de candidatos da terra (foram 12), quem realmente tinha condições de se eleger, teve que concorrer com candidatos de fora que levaram de Corumbá, simplesmente 17.519 votos.

Resultado: Ruiter Cunha de Oliveira ficou na primeira suplência por 1.672 votos, e Marcelo Iunes também foi o primeiro suplente por 3.462 votos, e Corumbá perdeu duas cadeiras na Assembleia.

Situação diferente

A situação poderia ser diferente se, em 2014, o pensamento da classe política fosse diferente dos dias atuais. Hoje, desprovidos de vaidades, vereadores e prefeito estão unidos em torno de um único objetivo: eleger deputados estaduais e, quem sabe, até um federal.

Em 2014, por pouco, Corumbá não elegeu dois deputados estaduais, Ruiter Cunha de Oliveira e Marcelo Iunes, hoje prefeito e vice-prefeito da cidade.

Ruiter foi o primeiro suplente da sua coligação na época, comandada pelo PT. Ele obteve 18.502, apenas 1.672 votos atrás de Pedro Kemp, candidato por Campo Grande, onde o colégio eleitoral é bem superior ao de Corumbá, 595.174 contra 70.547.

Marcelo Iunes também ficou na primeira suplência pela coligação do PDT. Teve 13.124 votos, 3.462 atrás de George Takimoto, candidato por Dourados.

Pela coligação do então candidato Ruiter, os cinco últimos eleitos foram José Almi Pereira Moura, com 21.195; João Batista dos Santos, com 21.127; Amarildo Valdo da Cruz, com 20.585; Pedro Cesar Kemp Gonçalves, com 20.174 votos. Já na de Marcelo, o último de sua coligação e o vigésimo quarto eleito foi George Takimoto, com 16.586 votos.

Na época, Corumbá participou do pleito com 12 candidatos a deputados estaduais. Na cidade, Solange Alves de Oliveira (PMDB) foi a terceira candidata mais bem votada com 5.175 votos. Em quarto ficou Augusto do Amaral, com 4.517 votos; Elano Holanda de Almeida, que obteve 3.123. Outros 1.814 foram divididos entre candidatos menores, incluindo aí Hedyl Marcos Benzi Filho que, na cidade, teve 276 votos de um total de 2.269.

Em 2014, Corumbá estava com 69.935 eleitores, desses, 52.688 (75,34 %) votaram. Ruiter Cunha obteve na cidade 12.995 votos, 26,70%; Marcelo Iunes teve 9.312 19,13%; Solange Alves de Oliveira conquistou 4.428, 9,10%; Augusto do Amaral teve 4.113,8,45%; Elano teve 2.507, 5,15%.

No total, foram 35.169 votos para candidatos da terra (12), incluindo Hedyl de Ladário. Outros 17.519 votos, 33,25% dos eleitores que compareceram às urnas, foram para candidatos de fora. É preciso também lembrar os eleitores que deixaram de votar em 2014. A abstenção foi de 24,66%, 17.247 eleitores de um total de 69.935 na época.

Em Ladário

Na cidade de Ladário, dos 13.109 eleitores, 9.618 (73,37 %) votaram em 2014. Lá Ruiter obteve 2.169, seguido por Hedyl com 1.909, Marcelo Iunes com 580, Barbosinha com 348, Maria Antonieta com 329, Picarelli com 315, Paulo Correa com 263.

Elano foi o oitavo mais votado em Ladário com 233. Em nono ficou Buxexa com 217, Solange em décimo com 198 votos.

Outros candidatos de Corumbá que conseguiram votos lá foram. Pelos números, dos 9.618 eleitores que compareceram às urnas, 5.467 votaram em gente da terra, e outros 4.151 foram divididos entre candidatos de fora. (Assessoria de Imprensa)